Muito embora tivesse a confirmação de mais de 8 mil participantes, apenas seis mulheres se dispuseram a exibir os seios na manhã de ontem (21) no Posto 9 da Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. O movimento foi organizado pela atriz Ana Rios que sofreu repressão por parte de policiais militares, sendo então obrigada a se “cobrir”.
Mesmo com poucas participantes, o movimento atraiu um grande número de curiosos e profissionais da imprensa, despertando a discussão sobre o tema, conforme disse a argentina Natália Lorenzo. “Moro no Brasil há 10 anos e percebo que a repressão ainda é grande. Não há porque proibir”, disse.
Outra a apoiar o movimento foi Olga Solon (73), que mora hoje em Portugal e decidiu também mostrar os seios, em apoio à atriz. “Eu sou adepta de tudo, de topless, de praia de nudismo. O corpo não tem nada de mais. O Posto 9 sempre foi o reduto do topless. Eu moro na Europa e lá isso é perfeitamente normal”, disse Olga.
A comerciante Aparecida Gadelha foi uma das primeiras e retirar a parte de cima do biquíni. Ela fez questão de ressaltar que se tratava de um ato político e que as mulheres não estavam se exibindo. “Nós não estamos aqui para aparecer. Você não aparece na Marques de Sapucaí quase pelada [no Carnaval]? Por que não podemos ficar de topless?”, questionou.
Alguns homens também decidiram participar do protesto e compareceram usando a parte de cima do biquíni, como forma de chamar a atenção para o assunto. “Eu acho que o ponto que as mulheres querem protestar é pela atitude não só dos homens, mas também de outras mulheres, em torno do corpo feminino. É isso que se quer desmistificar. Não há só uma violência física, mas também uma violência moral contra a mulher”, disse Renan Elias de Oliveira Carlo, estudante de química no Instituto Federal do Rio de Janeiro. O protesto ocorreu de forma pacífica e os policiais militares apenas ficaram observando de longe, sem intervir.