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Economia

Após liquidações, lojas tentam repassar alta dos juros

14 janeiro 2011 - 14h30Por Redação Douranews/ com ig

Passadas as liquidações de janeiro, os consumidores já devem sentir um aperto na oferta crédito ou o encarecimento dos produtos vendidos em parcelas sem juros nas lojas de eletrodomésticos e vestuário, que costumam dividir as compras em três ou em até 10 e 12 vezes.

Nos últimos três meses, as taxas de juros subiram cerca de 7% em razão das medidas adotadas pelo governo no fim do ano passado. O objetivo das autoridades monetárias foi enxugar o excesso de crédito e frear o superaquecimento do consumo, que ameaçam o controle da inflação.

Os compradores de veículos, que são financiados em prazos mais longos, já sentiram no bolso o efeito das medidas em dezembro. Mas, para não comprometer as vendas de Natal e as liquidações de janeiro, cujas mercadorias já haviam sido encomendadas à indústria, muitas lojas de eletroeletrônicos e vestuário mantiveram condições mais facilitadas de pagamento.

O encarecimento do custo do dinheiro, porém, tende a ser repassado agora, já que o aumento não foi tão desprezível.

Na BM&FBovespa, os contratos de juros para julho de 2011 subiram 7% desde novembro e fecharam na quinta-feira a 11,8% ao ano.

Guerra das parcelas sem juros

Os parcelamentos sem juros se transformaram em uma arma poderosa para tirar clientes da concorrência, especialmente entre as lojas virtuais.

A guerra dos parcelamentos, porém, acaba comprometendo o fluxo de caixa das varejistas ao ampliar a diferença entre os prazos de recebimento e pagamento das mercadorias. Com a elevação dos juros, o “carregamento” das parcelas fica mais caro.

Baixa rentabilidade

O controlador da rede de eletrodomésticos Lojas Colombo, Adelino Colombo, afirmou recentemente em entrevista ao iG que pretende reduzir os parcelamentos sem juros neste ano. As margens de lucro, segundo ele, já estão muito reduzidas “Hoje, a situação é difícil. Demanda há, o que não há é rentabilidade”, afirma.

Em dezembro, o Grupo Pão de Açúcar anunciou que também iria conter a oferta de parcelamentos sem juros. Segundo a varejista, que controla a empresa resultante da fusão do Ponto Frio com a Casas Bahia, os planos sem juros não são a melhor forma de conceder crédito e as lojas acabam financiando quem, de fato, não precisa de financiamento.

O diretor de relações institucionais da Associação dos Lojistas de Shopping Center (Alshop), Luís Augusto Ildefonso da Silva, prevê que, depois das liquidações, a tendência é que o varejo ofereça parcelamentos sem juros com mais parcimônia e busque repassar as recentes altas dos juros daqui para frente. No caso das vendas sem juros, as lojas têm duas alternativas: ou elevam os preços finais dos produtos para manter o número de parcelas (e os juros ficam embutidos no preço) ou reduzem o número de prestações.

Inadimplência

“As lojas vão tentar reduzir um pouco o prazo. Em vezes de dez parcelas, devem vender em oito vezes, por exemplo”, diz Silva. Mas, na sua avaliação, muitos lojistas devem tentar elevar os preços das mercadorias para manter o número de parcelas e não correr, assim, o risco de perder clientes. Mas essa saída vai depender do comportamento da inadimplência.

“Os índices de inadimplência estão sob controle”, afirma o diretor da Alshop. Se houver uma piora nos indicadores, os varejistas com certeza vão diminuir os prazos para evitar uma exposição maior ao risco.

Em setores como eletroeletrônicos, a comparação de preços pelos consumidores é mais fácil, já que as marcas e os produtos são os mesmos em todas as lojas. Isso dificulta o aumento dos preços pela varejista. No setor de vestuário, porém, essa comparação de preços já é mais difícil.

Abecs descarta impacto

A Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito (Abecs) acredita, porém, que as medidas adotadas pelo governo para conter o crédito não chegam a afetar setores que trabalham com prestações mais curtas, como as lojas de vestuário ou eletrodomésticos, e sim apenas segmentos que oferecem crédito de mais longo prazo, como veículos, que são vendidos em até 36 prestações. Segundo Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente da entidade, o custo nas prestações mais curtas, em 12 vezes ou até 24 vezes, não foi tão impactado pelas medidas.

No Brasil, as varejistas arcam com o custo de “carregamento” das prestações, ao contrário dos Estados Unidos, onde são os bancos que financiam o consumidor final. Isso porque as taxas do crédito rotativo são muito elevadas no Brasil em razão do elevado risco de inadimplência nos cartões de crédito.

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