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Economia

Qualidade do trabalho melhora para classes mais baixas

12 janeiro 2011 - 13h43Por Redação Douranews/ com ig

O mercado de trabalho brasileiro fechou 2010 com um saldo pra lá de positivo: segundo estimativas do Ministério do Trabalho e Emprego, foram criadas cerca de 2,5 milhões de vagas com carteira assinada. A boa notícia é que, além da quantidade, a qualidade desses empregos melhorou – especialmente para as classes sociais mais baixas. “Com um maior investimento das empresas, a geração de empregos cresceu. E muitas empresas têm contratado e oferecido empregos de melhor qualidade”, explica Marcelo Proni, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Mas o que são esses trabalhos “de melhor qualidade”? “Atualmente, é o emprego que oferece carteira assinada, o que é muito importante, pois propicia acesso a uma série de direitos”, explica o economista do Cesit. “Em geral, os empregos não são tão bons, porém são melhores que aqueles gerados dez anos atrás.” E, muitas vezes, além do salário, esses empregos também vêm associados a benefícios como vale-refeição e plano de saúde.

Proni ressalta que essas vagas ainda não demandam profissionais qualificados nem pagam altos salários. “A maioria das ocupações geradas oferece baixa remuneração. Mas como existe uma política de valorizar o salário mínimo, há também a tendência de melhorar a remuneração média desses postos de trabalho”, afirma.

Números da Data Popular, instituto de pesquisa que se dedica a estudar as classes C, D e E brasileira, ajudam a entender melhor essa mudança no mercado de trabalho. Embora pouco tenha mudado nas principais ocupações das camadas de renda mais baixa como um todo, as novas gerações já começam a colher os benefícios do crescimento econômico registrado nos últimos anos.

Por exemplo, entre 2002 e 2010, as profissões de trabalhador doméstico e vendedor foram as mais ocupadas por pessoas das classes C, D e E, segundo a Data Popular. Entre a população mais jovem nessas classes, porém, os principais empregos já são de vendedores e de auxiliares administrativos. “Isso reflete muito a questão da formação. As classes mais baixas sabem a importância do estudo”, comenta Márcio Falcão, pesquisador do Data Popular. Prova disso é que a escolaridade dos filhos da nova classe média já é bem superior a de seus pais: entre os adultos com 45 a 65 anos, apenas 26% têm o Ensino Médio completo. No caso dos jovens entre 18 e 25 anos, 65% deles contam com o mesmo grau de escolaridade.

“Essa grande massa de jovens está conseguindo trabalho em supermercados, no setor de serviços e shopping centers. Além da carteira assinada, eles têm acesso a vale-refeição, plano de saúde e vale-transporte. A remuneração não é muito alta, mas existem vários benefícios”, afirma Proni.

Pais e filhos

A melhora nos empregos oferecidos para as classes mais baixas também promete um impacto positivo a médio prazo. Com maior acesso à renda, os jovens das classes C e D agora podem pensar em investir mais em estudo e ascender socialmente graças a uma qualificação que seus pais tiveram poucas chances de alcançar. “As classes C e D têm buscado essa qualificação e vemos um aumento expressivo dessa parcela da população nas universidades e em escolas particulares no ensino médio”, diz Falcão. “Com isso, a tendência é que essas classes ocupem postos que demandam uma qualificação formal maior.”

Proni, do Cesit, faz coro: “Até pouco tempo atrás, poucas pessoas conseguiam chegar ao Ensino Superior. Ainda é uma proporção muito pequena da população, mas cada vez um número maior de jovens consegue chegar à universidade. Assim, as classes C, D e E começam a ter uma certificação profissional um pouco melhor do que no passado. A expectativa é de que eles tenham mais chances de conseguir empregos melhores.”

O economista, no entanto, acredita que é preciso fazer mais. “Se você pensar no Brasil daqui 10 anos, a questão do ensino é fundamental. Tem que dar educação para melhorar a qualidade dos serviços e aumentar a produtividade. Ainda há uma grande massa que continua estabelecida em ocupações de baixo salário e sem grandes perspectivas.”

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