A Procuradoria Geral do Município de Dourados está investigando a suspeita de uma transação milionária que envolveria inclusive a devolução da quantia equivalente a R$ 10 milhões para a próxima campanha eleitoral, de acordo com revelações contidas em gravações feitas a partir de escutas do secretário Eleandro Passaia entregues à Polícia Federal como parte da operação “Uragano” (furacão, em italiano).
O Procurador-Geral Adilson Josemar Puhl pretende levar o assunto a uma audiência com os ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e do STF (Supremo Tribunal Federal) visando alertá-los sobre a existência de possíveis irregularidades na ação de execução de uma dívida contraída junto ao extinto Banco Pontual, posteriormente repassada para a empresa de cobrança Cobracon.
O montante do empréstimo contraído em 1996 pelo ex-prefeito Humberto Teixeira para início das obras do CAM (Centro Administrativo Municipal) era de R$ 2,5 milhões, mas como não teve nenhuma quitação estaria calculado hoje em R$ 200 milhões.
Nas gravações feitas por Passaia, que está ausente de Dourados há 11 dias, a cifra equivalente a R$ 10 milhões aparece em relatório da Polícia Federal como sendo o valor correspondente a negociação da dívida de R$ 200 milhões do Banco Pontual. O valor seria reduzido para R$ 30 milhões. Desse valor, os negociantes conseguiriam a garantia da devolução de R$ 10 milhões, cujo dinheiro iria custear a campanha à reeleição do prefeito Ari Artuzi, agora afastado do cargo por medida judicial.
No mesmo relatório da Federal, consta uma conversa mantida entre Eleandro Passaia e o empreiteiro de obras Edson Freitas da Silva a respeito de uma licitação que seria feita com valores superfaturados e de onde seriam desviados recursos da ordem de R$ 1 milhão e 300 mil para que o prefeito Ari Artuzi pagasse “o que deve a Sizuo Uemura”, empresário que teria sido um dos financiadores da campanha do prefeito eleito em 2008.
