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Economia

IPCA continuará pressionado em 2011

07 janeiro 2011 - 12h33Por Redação Douranews/ com ig

Se alimentos foram os grandes vilões da inflação em 2010, agora as atenções se voltam para os chamados preços administrados – que incluem tarifas de ônibus, combustíveis, água, saneamento e energia elétrica. Depois de um ano de poucos reajustes, os primeiros dias de 2011 já dão uma ideia do que vem pela frente. Na capital paulista, por exemplo, a população já sente no bolso o aumento de 11% da tarifa de ônibus, para R$ 3.

"No ano passado, muitos reajustes foram contidos por conta das eleições. Com isso, o comportamento dos preços administrados ajudou a segurar a inflação. Para 2011, já ficou claro que não vamos poder contar com isso, mas esse grupo vai ser mais um fator de pressão inflacionária", afirma Thiago Curado, analista da Tendências Consultoria.

Até novembro, os preços administrados acumulam alta de 2,87%. Em 2011, a inflação no grupo deve saltar para 4,8%, diz o analista, com previsão de aumentos das tarifas cobradas para serviços como água e esgoto, ônibus intermunicipal, metrô em diversas cidades brasileiras. Os preços administrados representam quase 30% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Já os preços livres devem desacelerar em 2011, mas ainda permanecerão em patamar elevado. No acumulado até novembro, o grupo registra alta de 6,25%, segundo dados do último Relatório de Inflação do Banco Central. Para 2011, a Tendências projeta variação de 5,9%. “Mesmo com o recuo, os preços livres vão continuar pressionando o IPCA”, diz Curado. Em 2011, a consultoria projeta alta de 5,5% para o IPCA.

Em meio a este cenário, é consenso no mercado que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central fará um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) na primeira reunião do ano, que ocorre nos próximos dias 18 e 19. Em relatório, a consultoria LCA avalia que "os ajustes nas políticas fiscal e monetária deverão ser intensificados" no País, o que inclui "um aperto moderado de juros" já em janeiro. O mercado prevê ainda outros dois aumentos consecutivos de 0,5 pp, que deve levar a taxa ao patamar de 12,25% ao ano.

Alimentos recuam, mas ainda preocupam

É o caso dos alimentos, que figuraram como os maiores vilões da inflação no ano passado. Tanto os IPCs quanto o IGP-DI divulgados nesta semana mostram desaceleração nos preços de itens alimentícios em dezembro, em um esperado movimento de “devolução” de parte da alta acumulada no ano. Considerando o IPCA até novembro, os gastos com alimentação e bebidas acumulam alta de 8,95%, segundo dados do IBGE.

Mas os sinais para o setor ainda inspiram preocupação. Segundo estimativas da FAO, agência de alimentos da Organização das Nações Unidas, depois de atingir alta recorde em dezembro, os preços mundiais de alimentos podem subir ainda mais com os problemas climáticos no mundo todo – onda de frio no hemisfério norte, seca na Argentina e inundações na Austrália, por exemplo.

“No mercado mundial, vai continuar existindo uma pressão de alta para os preços agropecuários por conta principalmente das condições climáticas extremas. O Brasil não tem falta de oferta, pelo contrário, é um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. Mas o problema é que o preço internacional acaba puxando o preço interno”, diz José Vicente Ferraz, diretor técnico da consultoria AgraFNP.

Para Ferraz, a dificuldade para aumentar a oferta mundial de alimentos, pelo menos no curto prazo, é acentuada pelo aquecimento do consumo em países emergentes como o Brasil, proporcionado em especial pela melhora nos níveis de emprego e renda, e pela oferta de crédito. “Há uma pressão muito forte no mercado de alimentos, tanto de oferta como de demanda”, afirma.

Para Otto Nogami, professor de economia do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), o consumo no Brasil tende a continuar aquecido, mesmo com as medidas adotadas pelo governo para reduzir a oferta de crédito. “O consumidor quer realizar suas compras, seus sonhos, e fará isso mesmo com juros altos se tiver condições”, diz Nogami. Para o professor, o setor também deve contribuir para pressionar a inflação em 2011, desde que a economia brasileira mantenha o ritmo de crescimento.

Os números consolidados do IPCA em 2010 serão divulgados nesta sexta-feira e também devem exibir desaceleração nos preços de alimentos em dezembro. Com isso, o índice deve registrar variação de 0,62% no mês (ante taxa de 0,83% em novembro) e de 5,90% no acumulado do ano, segundo dados do último boletim Focus. Se confirmada, a inflação repetirá o patamar registrado em 2008 e vai ficar 1,59 ponto percentual acima da taxa verificada em 2009 (4,31%).

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