Uma comitiva de autoridades e empresários paraguaios e brasileiros participou durante a tarde desta quarta-feira (27) do seminário Panorama de Mato Grosso do Sul - Brasil / Paraguai. O evento que aconteceu no auditório da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems) deu continuidade aos trabalhos que visam reforçar as relações econômicas e comerciais entre o Estado e o país vizinho. Pela manhã, o governador André Puccinelli assinou um Protocolo de Intenções com o Ministério da Indústria e Comércio do Paraguai e a Fiems para promover o intercâmbio de negócios entre empresas sul-matogrossenses e paraguaias.
O embaixador do Brasil no Paraguai, Eduardo dos Santos, que participou do seminário, ressaltou os investimentos brasileiros em infraestrutura naquele país, devido ao grande interesse em vincular a integração bioceânica entre os dois países, que deve se concretizar com a possível construção de uma ponte internacional entre Porto Murtinho e a cidade paraguaia, Carmelo Peralta.
“Temos uma fronteira muito aberta e precisamos fortalecer esta integração física que no caso de Mato Grosso do Sul já existe. Temos um interesse de intensificar o comércio e investimentos. A economia do Paraguai passa hoje por um bom momento, pois está crescendo a 10% ao ano; o país tem reservas internacionais e é o quarto maior exportador de soja do mundo”, disse o embaixador.
á o presidente da Fiems, Sérgio Longen, apresentou aos participantes uma radiografia do setor industrial de Mato Grosso do Sul. Destacou o produto interno bruto (PIB) de R$28,1 bilhões (dados de 2007, último ano disponível pelo IBGE) e a vertiginosa taxa nominal de crescimento do PIB industrial que passou de 4,42% em 2007 para 10,11% em 2009, com estimativa de alcançar 11% em 2010, sendo o PIB do setor industrial o líder da economia em 16 municípios do Estado.
Longen expôs ainda aos empresários paraguaios a força motriz de Mato Grosso do Sul, detalhando as características e números dos principais setores como o sucroenergético, minero-siderúrgico, alimentos e bebidas, a construção civil, indústria têxtil, além da celulose e papel. Dentre os produtos mais produzidos na região, destaque para as carnes (bovina, suína e aves), couro, soja, milho, algodão, açúcar e álcool, minérios, madeira e vestuário. Alguns destes itens estavam expostos no saguão do prédio da FIEMS.
O ministro de Indústria e Comércio do Paraguai, Francisco Rivas Almada, afirmou conhecer bem as potencialidades de MS. “O Estado e o país podem construir uma sociedade de colaboração e com melhores relações comerciais”. O ministro demonstrou interesse em importar mais do Estado, porém defende mais exportações na mesma medida.
De acordo com levantamento do Radar Industrial da Fiems, o Paraguai é o 20º destino dos produtos exportados por Mato Grosso do Sul, o que gera US$ 20,3 milhões de receita com a venda de minerais, alimentos e bebidas e siderurgia. No que tange às importações, o Paraguai é o 12º fornecedor de mercadorias externas para o Estado, somando US$ 28,8 milhões de receita com a compra de trigo, produtos do complexo soja e produtos alimentícios.
MS sem fronteiras
O Projeto MS Sem Fronteiras, realizado pelo Sebrae-MS com recursos do Governo de Mato Grosso do Sul, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Sebrae nacional, também foi apresentado durante o seminário pela diretora de Operações do Sebrae-MS, Maristela França.
Com alvo no desenvolvimento de micro e pequenas empresas do Brasil, Bolívia e Paraguai, o projeto recebeu aprovação de recursos do BID de US$ 1 milhão. “Nosso esforço é para internacionalizar a micro e pequeno empresa. É importante compartilhar o projeto com um organismo internacional, para que o Sebrae possa atuar com empresários da Bolívia e do Paraguai”, explica.
Segundo Maristela França, Mato Grosso do Sul é o indutor do projeto, que inclui as cidades de Corumbá e Ladário, no lado brasileiro; e Puerto Suarez e Puerto Quijaro, em território boliviano. Na faixa de fronteira com o Paraguai estão Ponta Porã, pelo Brasil, e Pedro Juan Caballero, do outro lado da fronteira. Segundo a diretora, “a América do Sul e a América Latina serão rotas do desenvolvimento do mundo nos próximos anos”.
“Conheceremos os bons resultados nos próximos três anos no que diz respeito à integração da América Latina, nos quesitos mercado, indústria e até mesmo na cultura. Esperamos que as empresas [situadas nesse continente] estejam em outro patamar de competitividade e com poder para negociar”, finaliza.
Foram discutidos ainda durante o evento os investimentos no setor sucroalcooleiro, pelas palavras do presidente da Associação dos Produtores de Bionergia de MS (Biosul) e o tema “Maciço Florestal”, com palestra do diretor da Associação Sul-matogrossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS).
As oportunidades de negócios com o Paraguai foram debatidas pelo presidente do Centro de Importados do Paraguai (CIP), Max Haber e diretor nacional da Rede de Investimentos e Exportações (REDIEX/MIC), Oscar Stark. O seminário terminou com uma rodada de negócios e amostra de produtos.
