Menu
Buscarsexta, 26 de abril de 2024
(67) 99913-8196
Dourados
29°C
Mercados

Entidades buscam culpados pelo aumento dos combustíveis

06 maio 2011 - 21h04Por Redação Douranews

Todo mundo já percebeu. O preço do álcool e da gasolina está nas alturas, e o pior, ele não para de subir. Uma volta pelos postos de gasolina é suficiente para concluir que o aumento é generalizado e irrestrito. Ele não acontece só em alguns postos, ou em uma só região, mas em todas.  Em Manaus, o litro de gasolina já superou os R$ 3.

No Twitter, a hashtag #gasolinamaisbarata foi um dos temas mais comentados em todo o país, gerando uma série de manifestações e até a criação de abaixo-assinados. A enxurrada de notícias sobre os recordes da Petrobras, a segunda maior petrolífera do mundo, acirram ainda mais a dúvida: Por que o preço do combustível está tão alto?

A resposta é simples: demanda. 'O governo vem estimulando a compra de veículos desde 2008, mas o País não constrói refinarias no mesmo ritmo que os carros são comprados, então falta gasolina na bomba do posto', afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.

O trimestre somou um recorde histórico de 777.725 automóveis e comerciais leves vendidos, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Este número expressivo representa um aumento de 3,5% em relação aos três primeiros meses de 2010, quando foram vendidos 750.500 veículos.

A alta acelerada da frota nacional de veículos nos dois últimos anos, aliada à condições atípicas de oferta e demanda de álcool, culminou na disparada dos preços do álcool e agravou a questão dos preços dos combustíveis em geral, pois a gasolina nacional tem 25% de álcool anidro. Nos EUA, esse percentual é de 15%.

Entre 2007 e 2010, o consumo de etanol no Brasil aumentou 60,9%, enquanto o crescimento na produção das usinas ficou em 38%. Atrapalhou também a produção da atual safra de cana-de-açúcar a estiagem no segundo semestre, que eliminou 60 milhões de toneladas de cana da colheita.

Entressafra da cana

Para completar, os preços do álcool estão impulsionados pelo período de entressafra da cana-de-açúcar e pela redução da produção das usinas, que preferem aumentar a fabricação de açúcar devido à alta da cotação internacional do produto. O álcool anidro, que é misturado à gasolina, subiu 61%. Com pouco competitividade em relação a gasolina, até março, em todo o País, o consumo de etanol registrou queda de aproximadamente 70%. A gasolina, por sua vez, teve suas vendas elevadas em cerca de 25%.

De acordo com os dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na média de preços na semana encerrada em 30 de abril, usar gasolina está mais vantajoso que etanol. Em relação à média do preço da gasolina no País, que é de R$ 2,89 por litro, o preço do etanol é competitivo até R$ 2,023 por litro. Mas o valor dele está em R$ 2,325 no período analisado.

A migração do abastecimento do etanol para a gasolina, observada desde março e decorrente dos preços do álcool, surpreendeu os distribuidores de combustíveis e provocou gargalos logísticos. Houve atraso na entrega e abastecimento de volumes inferiores aos solicitados.

Questão política

Mas o buraco do preço dos combustíveis é mais embaixo. Em resumo, envolve política fiscal, política econômica e política mesmo. Por isso nos últimos dias houve o 'disse-me-disse' do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, da presidenta Dilma Rousseff, do Ministro da Fazenda Guido e o de Minas e Energia, Edison Lobão.

Parte do valor da gasolina brasileira é subsidiada pelo governo federal. A gasolina vendida às refinarias em setembro de 2005 era o mesmo R$ 1,54 cobrado este ano, e o valor do barril de petróleo no mundo já oscilou espantosamente nesse período. Nos EUA, o barril subiu mais de 20% nos Estados Unidos desde meados de fevereiro, chegando a US$ 105,75 na semana passada.

Enquanto Gabrielli defendeu o reajuste com base no preço internacional do petróleo, Mantega disse que não existe previsão de aumento.

O litro da gasolina custa, em média, US$ 1,73 na cidade de São Paulo, valor 70% maior que em Nova York, ou 105% maior que na Rússia, segundo estudo realizado pela Airinc, consultoria norte-americana especializada em preços globais.

A tributação da gasolina no Brasil cria distorções em seu preço e faz com que, apesar de sair da refinaria da Petrobras 25% mais barata do que de uma refinaria norte-americana, o combustível chegue ao consumidor muito mais caro do que em qualquer posto de combustível de lá.

A carga tributária no País representa 57,8% do valor do litro do combustível, uma das mais altas do mundo. 'O Governo subsidia, mas cobra tributos exorbitantes sobre os combustíveis. Enquanto os EUA têm 15% de álcool misturado a gasolina e paga 20% de imposto sobre o valor do galão, no Brasil nós temos 25% de álcool misturado e 50% de imposto', resume Pires.

Em São Paulo, onde o ICMS é 12% e há maior consumo de etanol, existe uma maior produção, enquanto tem Estados que cobram, em média, 25%.

'A Petrobras já perdeu R$ 1,5 bilhão entre janeiro e abril para segurar o preço da gasolina nas refinarias no valor atual. O próprio Gabrielli já discutiu a possibilidade do governo fazer uma renúncia fiscal com base na CIDE sobre tributação da gasolina, caso alinhar o preços internacionais com o brasileiro esteja fora de questão', disse Pires. Claro que o governo não topou.

É neste contexto complexo, de dilemas e do preço artificial da gasolina, que o governo ameaçou interferência direta no setor sucroalcooleiro para controlar demanda e a produção.

A presidente Dilma sinalizou que pretende tomar uma série de ações para conter a alta de preços do etanol e evitar o desabastecimento do produto. Uma delas é a redução da mistura do álcool na gasolina.

Luz no fim do túnel

O abastecimento de álcool combustível deverá estar normalizado a partir de maio. Com isso, a expectativa é que o preço do combustível retorne aos preços do final do ano devido à quantidade de álcool no mercado. Na última semana o valor apresentou uma pequena queda, recuando de R$ 2,338 para R$ 2,325.

'Os preços dos combustíveis ao consumidor podem prosseguir em alta por pelo menos mais um mês, pelo menos até que os estoques atuais sejam consumidos', disse o coordenador do IGP-M na FGV, Salomão Quadros.

'Já começamos a colheita da safra e a tendência em três semanas é a queda do preço do etanol', disse Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica).

Carro demais, refinarias de menos, açúcar no exterior valorizado, seca, excesso de chuva, crise política nos países produtores de petróleo. Todos são culpados pelo valor dos combustíveis. Mas quem paga a conta final é você. Então confira a as dicas para economizar na hora de abastecer.

Dicas para gastar menos:


1) Retire todo o peso morto carregado no interior de seu carro. Quanto mais pesado ele estiver, mais combustível vai precisar para se locomover;

2) Calibre os pneus toda semana e realize inspeções veiculares com freqüência. Isso evita que o carro gaste mais;

3) Mantenha a velocidade do veículo o mais constante possível, sem muitas oscilações. Acelerar muito faz com que os freios sejam mais utilizados, o que provoca maior gasto;

4) Na cidade, ande com os vidros abertos ao invés do ar-condicionado e com velocidade reduzida, pois é mais vantajoso com 1ª e 2ª marcha;

5) Se estiver na estrada, faça as contas, pois a economia é relativa. Vidros fechados melhoram a aerodinâmica do veículo e, conseqüentemente, seu rendimento. Só que, ao ligar o ar, pode-se consumir o combustível que em teoria está economizando;

6) Vai viajar? Calcule qual é melhor: álcool ou gasolina. Com base na energia que produz o etano, só é mais vantajoso se seu valor for de até 70% em relação a gasolina;

7) Só desligue o carro se ficar parado mais de dois minutos. Menos que isso é prejuízo;

Deixe seu Comentário

Leia Também