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Economia

Em dez anos, uso dos cheques caiu mais de 57%

17 outubro 2010 - 12h43Por Redação Douranews, com IG

Há uma década, o uso de cheques no Brasil vem caindo gradualmente. Para se ter uma idéia, entre janeiro e agosto do ano 2000, foram compensados 1.755.490.439 cheques; em igual período de 2010, os cheques compensados totalizaram 747.539.896, segundo dados da Serasa Experian. Isso equivale dizer que em uma década houve uma redução de 57,4% na emissão de cheques.

Ainda que especialistas discordem, há quem acredite que a “morte” do cheque é uma questão de tempo. “Não acreditamos que o cheque se extinga”, diz Walter Tadeu Pinto de Faria, diretor adjunto da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). “Ainda é muito cedo falar em morte do cheque”, acredita Carlos Henrique de Almeida, assessor econômico da Serasa Experian.

Faria, da Febraban, explica que a queda acentuada no volume de cheques ocorreu a partir da implantação do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SBP), em 2002. Naquele ano, o número de cheques compensados foi em torno de 2,4 bilhões. Em 2009, sete anos depois, o volume caiu praticamente à metade, com a compensação de 1,2 bilhão de cheques, aproximadamente.

Para ele, as pessoas que estão entrando agora no mercado financeiro tendem a priorizar o uso do cheque por falta de familiaridade com os meios eletrônicos. Mas, na análise do executivo, a partir do momento que a pessoa passe a conhecer melhor as alternativas de pagamento – como as transferências de crédito e os cartões de débito e crédito – a tendência é que também migre para estas modalidades.

Almeida, da Serasa Experian, destaca que, embora o volume de cheques compensados venha caindo ano a ano, ainda é muito grande o volume de documentos compensados. “A gente tem mania de avaliar olhando os grandes centros urbanos. No interior, o volume [de cheques emitidos] é muito grande”, diz.

Para ele, as empresas também são responsáveis por um volume constante de compensação de cheques. “Vamos ter a pessoa jurídica usando cheque durante bastante tempo. Não é o cartão corporativo que vai pagar o fornecedor”, avalia.

O economista da Serasa Experian cita os dados do Banco Central, que apontam que 15,1% das transações feitas no país em 2009 foram com cheques; 28,3% com cartão de débito; 34% com cartão de crédito; e 22,6% por meio de transferência de crédito (que se faz pela internet e em caixas eletrônicos). Para ele, embora os cheques hoje correspondam praticamente à metade da utilização do cartão de crédito, ainda assim, é um volume representativo.

Carlos Henrique de Almeida, da Serasa Experian, diz que hábito de pagamento é uma questão cultural. “No Japão, o cheque não teve penetração, porque lá é a cultura do cartão. Nos Estados Unidos, tem bastante volume de cheques compensados. O americano paga suas contas de água, luz por cheque; coloca no envelope e manda para o banco. As universidades usam com seus alunos o cheque pré-datado”, cita.

Walter Tadeu Pinto de Faria, da Febraban, concorda. “É uma questão cultural. Muita gente compra pré-datado. No cartão, pode parcelar, mas prefere soltar dez cheques. Existe a cultura da utilização do papel”, diz.