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Usina São Fernando vive impasse ao ter plano de recuperação judicial rejeitado

07 junho 2017 - 12h05

A proposta de criação de uma UPI (Unidade de Produção Isolada) para gerir o complexo sucroenergético da Usina São Fernando, controlada pelos filhos do empresário José Carlos Bumlai – que chegou a ser preso no âmbito da Operação Lava Jato, mas atualmente recorre da decisão em liberdade, foi rejeitada pelo Banco do Brasil e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) juntamente com a proposta de recuperação judicial do grupo que opera na divisa de Laguna Carapã com Dourados.

As instituições estatais estão no grupo dos credores que têm garantias reais e têm créditos concursais a receber, e, por isso, têm poder para tentar barrar o plano. O BNP Paribas está no grupo e também rejeitou o plano na assembleia realizada na noite de quinta-feira (1) passada. Fontes que acompanham esse mercado e já participaram de outros processos de recuperação acreditam que, sobretudo no caso dos bancos estatais, pesou negativamente o fato de José Carlos Bumlai ter sido condenado em primeira instância na Lava Jato, conforme publica o jornal Valor Econômico.

‘A repercussão fatalmente seria negativa, mesmo que as condições do plano apresentado não sejam, aparentemente, desfavoráveis tendo em vista que se trata de uma recuperação judicial’, afirmou uma fonte. Procurado pelo Valor Econômico, o Banco do Brasil respondeu, em nota enviada pela assessoria de imprensa, que ‘os encaminhamentos sobre a recuperação judicial da Usina São Fernando são decididos em assembleia com a participação de todos os credores, não cabendo ao banco se manifestar ao público por conta de sigilo comercial’. O BNDES preferiu não se pronunciar.

O assunto foi tratado, na sessão de segunda-feira (5), da Câmara de Dourados, pelo vereador Braz Melo (PSC), ao lembrar que, mesmo com um endividamento total nominal de R$, 1,3 bilhão [o plano prevê uma redução para R$ 950 milhões, a partir de descontos nos valores a serem pagos a credores sem garantia real], o grupo contribui com cerca de 2 mil empregos diretos, e, pelo menos, em torno de 4.000 indiretos, e “essa condição não deve ser desprezada em tempos de crise com o desemprego que aumenta no País”.

Do valor nominal remanescente, segundo a reportagem do jornal, R$ 530 milhões são devidos aos bancos, que receberiam 16% de suas respectivas fatias à vista e o restante em 20 anos, corrigido pela TJLP e mais 1,4% ao ano. Para arcar com esses pagamentos, a ideia é vender a usina; a Amerra, gestora americana de fundos, já manifestou interesse em comprar, mas não é mais a única postulante. Um empresário ‘pessoa física’, ainda não identificado, também entrou no páreo. Essa venda é ponto nevrálgico do plano formatado pela consultoria EXM Partners. Na assembleia de quinta¬-feira foi proposta, então, a realização de um leilão para definir o comprador, mas a ideia foi rechaçada pelos bancos estatais, já que o acerto prévio com um comprador torna mais fácil o processo.

Segundo ainda a reportagem do jornal econômico, de acordo com Wendel Caleffi, sócio da EXM, agora o impasse terá que ser resolvido pela Justiça, que poderá manter o plano como está, apesar da resistência dos bancos, ou pedir que um novo plano seja apresentado. Esse trâmite deverá demorar algumas semanas. De qualquer forma, Caleffi afirmou que a EXM vai insistir na realização de um leilão da usina caso haja mesmo mais de um interessado. Enquanto isso, a Usina São Fernando continua operando normalmente, segundo se apurou.

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