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Manoel Afonso

Amplavisão – Novas Câmaras com conteúdo velho

08 janeiro 2021 - 19h57

REPERCUTE: Enquanto o deputado Dagoberto Nogueira (PDT), mesmo envolvido nas eleições de Campo Grande, foi o campeão em gastos na ‘cota parlamentar’ com R$ 411.343,03, o seu colega Fábio Trad (PSD) conseguiu o exercício pleno do mandato eficiente gastando só R$ 55.046,16. Ao leitor resta a sabia e única conclusão. De leve...

ESBÓRNIA: “Constituição tem 103 vezes a palavra “direitos” e 9 vezes a palavra “deveres”, Trata-se, claro, de uma conta que não fecha (-) nosso país gasta 14% do PIB para sustentar o funcionalismo público, enquanto o Japão usa 5% do PIB. O Brasil não consegue pagar essa conta”. (Ricardo Barros (PP-PR), líder do Governo na Câmara.

CALMA! Os novos vereadores não podem se precipitar. Tudo ao seu tempo. Primeiro as noções básicas do cargo e as atribuições. Mas estão previstas proposições de títulos de cidadania, votos de pesar, de louvor, denominação de ruas e logradouros. Detalhe: a formação cultural ajuda, mas não é determinante assim como o estilo do nó da gravata.

EQUÍVOCOS: Pesquisas mostram que a maioria dos vereadores sonha com o cargo de prefeito, inclusive os novatos delirando pelo sucesso do batismo nas urnas. A disputa por espaços na Câmara e na mídia é esperada. Alguns conseguirão, mas outros passarão despercebidos, anônimos, ao longo do mandato. E 4 anos passam rapidinho – vapt vupt.

BALELA: Aquelas utopias de campanha e início de mandato serão logo esquecidas e trocadas por posturas ‘pragmáticas’ comuns na vereança. Vão priorizar a sobrevivência do mandato, as vantagens financeiras (salários, verbas de representação e as famosas diárias) e as nomeações de correligionários na administração municipal.

AMARGO: O fim da vereança por força das urnas não é agradável. Sem mandato o cidadão deixa de ser referência, não é mais consultado na comunidade. Isso gera certo desconforto social. Enfim, retornar à antiga realidade exige humildade contra aquela vaidade que embalou o status do cargo. Aliás, como tudo na vida tem início e fim.

‘VASO BRASIL’: Ficará entupido ganhe quem ganhar na Câmara Federal. O deputado Arthur Lira (PP-AL) é réu no STF e acusado de ‘rachadinhas’. Baleia Rossi (MDB-SP) tem apoio do presidente Rodrigo Maia, do PT e da esquerda contra o ajuste fiscal, a desestatização, as reformas e a diminuição do tamanho do Estado.

‘ALZHEIMER’? O DEM era o PFL que o ex-presidente Lula (PT) tentou exterminar e depois foi um dos algozes de Dilma. Agora o DEM e PT esquecem tudo e se associam para presidir a Câmara, num provável 1º ato preparatório do impeachment presidencial que já teria a benção do STF inclusive. Aí o eleitor fica pirado, não entende essa zorra.

COMPARANDO: Obama levou sorte com a crise financeira em 2008 e ganhou de John MaCain. Trump estava em alta até a Covid chegar. Bem nas pesquisas de hoje Bolsonaro dependerá em 2022 de 3 fatores: economia em alta, sucesso do combate à Covid e da postura dos adversários – para os quais quanto pior a situação, melhor!

DEBOCHE: 10 suplentes assumindo na Câmara Federal no lugar de eleitos a prefeito e vice prefeito. Em pleno recesso ganham salário, cota parlamentar e auxílio-mudança. Sem sessões não apresentam projetos, sem discursos e nem participam das comissões. Nada a fazer! O fato vitamina a descrença da opinião pública em nossas instituições.

SUCESSÃO: Em 2022 teremos ao menos 8 candidatos a governador, sendo para alguns uma eleição preparatória das eleições da capital em 2024. A deputada Rose Modesto (PSDB) nesse rol. Ela quer chegar ao 2º turno. Se não vencer mas tendo boa votação em Campo Grande, terá preparado o terreno para a disputar a prefeitura dois anos após.

POLÍTICA: Nela nem sempre a derrota é perder. O derrotado pode se beneficiar pela experiência adquirida. Exemplo: em 2012 Reinaldo Azambuja (PSDB) ousou candidatar-se a prefeito da capital. Perdeu, mas surpreendeu com a boa votação (25% dos votos) – o que viabilizou a candidatura com sucesso ao governo dois anos após.

DOURADOS: Em 2022 teremos eleições! Os derrotados acompanham o novo governo. Interesses convergentes e conflitantes existem na cidade tão rica e complicada. Com 4 deputados estaduais e o vice governador, a cidade precisa manter seu peso político no Estado. Hoje, a prioridade do prefeito é viabilizar seu governo ainda indecifrável.

DUPLA AÇÃO: O prefeito Alan Guedes (PP) precisa viabilizar a gestão nos 6 meses iniciais e só após pensar em política. Mas apenas o apoio da Câmara é pouco. Necessita sim de emendas federais e estaduais dos 4 parlamentares de olho na reeleição. Oriundo da Câmara, Alan teria a leitura pragmática de tentar agregar apoios nesta hora difícil.

ISOLADO? Nem pensar! A hipótese remota leva-nos ao exemplo de Alcides Bernal (PP) em Campo Grande – sucumbindo ao não dialogar com a classe política. Mas Alan é articulado, tem DNA político, esteve do outro lado do ‘balcão’, e sabe: a construção política passa pelo diálogo, sensibilidade, a arte de ouvir e também de virar a página.

UM DRAMA: A reeleição de prefeitos tem um lado complicado e pouco mostrado. Geralmente para se reeleger o prefeito faz alianças diversas e com elas as promessas de prestigiar grupos e siglas na futura gestão. Aí vem o fato complicador: os funcionários (também fieis no pleito) não aceitam perder seus empregos. E como resolver isso?

INEXPLICÁVEL: O deputado Lucas de Lima (SOL) foi à Alagoas visitar parentes e voltou espantado com a lotação das praias no pico da Covid, onde só os ambulantes estavam a trabalho. Lembrei-lhe de Kafka, segundo o qual ‘o mundo coletivo funciona por razões que a razão individual desconhece’. Bem...depois não adianta chorar.

‘PLIM PLIM!’: A Crefisa, (parceira do Palmeiras, coincidentemente o clube de Bolsonaro) desistiu de patrocinar o JN (R$ 15.049.000 mil mensais) - onde o comercial de meio minuto no intervalo custa R$ 847 mil. A concorrência da internet e a crise - as causas. Odiada também pelo PT, a saída da Globo seria apostar as fichas em Hulk?

‘QUE FASE!’: O governador paulista João Dória (PSDB) massacrado nas redes sociais por conta também de 2 episódios: sua malfadada viagem à Miami em plena pandemia e o decreto do ICMS de produtos do agronegócio. Sairá menor da pandemia; seu projeto de disputar o Planalto foi água abaixo. Não há vacina que o salve destas enrascadas.

PONTO FINAL: “ ( - )...Estes são tempos de parar para pensar: difícil, eu sei. O que ando fazendo da minha vida, do meu dinheiro ou da minha necessidade, dos meus amores ou rancores, como estou construindo minha existência ou destruindo o que toco. (-)...Quero de volta a minha vidinha cotidiana, para receber família e amigos...” (Lya Luft)

Política – Luta de interesses disfarçada de disputa de princípios (Ambrose Bierce)

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