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"Quadrilha da Uragano sabia o que estava fazendo", diz Galloni

17 dezembro 2010 - 05h08Por Carlos Marinho
Em entrevista exclusiva ao Douranews, o delegado da Polícia Federal, Bráulio Cézar da Silva Galloni, que chefiou a Operação Uragano,  abriu um espaço em sua agenda e no seu intenso trabalho, para, entre outras coisas, rebater de forma dura o que alguns dos indiciados vêm comentando, dizendo-se inocentes. "É uma quadrilha. São pessoas que se reuniram para cometer crimes. Todas... todas... sabiam o que estavam fazendo; fizeram conscientemente; quem pagou, pagou sabendo quem estava pagando; quem recebeu, sabia o que estava recebendo e a origem desse dinheiro", afirmou, continuando a dizer que "então, ninguém foi responsabilizado de graça. Todos foram conscientes; todos estavam cientes das suas responsabilidades, dos atos que estavam praticando; os prejuízos que estavam causando para o município e tanto é que foram indiciados, a maioria, por formação de quadrilha. Justamente a quadrilha é isso - uma reunião de pessoas com o fim de cometer crimes e eles sabiam que estavam cometendo crimes", completou.

Galloni disse que não há porque se falar em possíves "armações", pois o trabalho da Polícia Federal foi feito com sensatez e segurança, não havendo o risco de expor pessoas que não tivessem cometidos quaisquer crimes. Ele explica que "a responsabilidade de cada um; o que cada um dos presos fez de errado, está no inquérito policial. Todos, e cada um, foi indiciado de acordo com os crimes praticados", acrescentando que a Polícia Federal tem consciência do trabalho que fez. Ele ressalta que "o que fala pela polícia são as provas que estão no inquérito" e que "o trabalho da polícia está avalizado pelo Ministério Público, pelo Judiciário, pelo fato de que todos já estão denunciados, respondendo a processo, uns inclusive que recentemente foram soltos". Sobre o que andam falando, ele cometa que "apesar das coisas que se digam, por quem quer que seja, a favor da polícia está o inquérito policial, com as provas que foram ali produzidas. Basta ter acesso a ele para saber o que é que existe contra essas pessoas", assinala.

O delegado Bráulio Galloni, depois de contar que "algumas máscaras cairam, mas cairão outras mais",  fala de outros assuntos inerentes à Uragano:

Ari Artuzi

"Não há como dizer que alguém entre os indiciados possa ser inocente. Nos depoimentos ficou claro e fácil de perceber que Ari Artuzi não tem nada de inocente, ou de bobo, como se diria. Ele estava em um pedestal e achava estar acima de tudo. A forma que as pessoas vêm esse rapaz falando pode até induzir ao perdão, mas quem tiver acesso aos depoimentos poderá perceber com facilidade a arrogância e a tendência a se prevalecer. De bobo, louco, ou outros adjetivos ele não tem nada. É um criminoso que sabia, mesmo que orientado, o que estava falando e tentava "jogar" com isso. As pessoas não têm acesso à íntegra do processo, mas se um dia puderem ver o que ali está, verão que Artuzi era um homem do mal.

Lado positivo da operação

"O lado positivo eu creio é ter satisfeito um anseio, que eu acredito que era da sociedade, que é de responsabilizar todo aquele que se apropria indevidamente do dinheiro público. A população de Dourados é uma população carente (basta prestar atenção na mídia - em qualquer jornal você vê as carências aqui - falta de tudo) e se falta de tudo, sendo Dourados um município rico como é, é que os recursos não estão sendo empregados corretamente. E essa operação acabou demonstrando exatamente isso. Que os recursos não estavam sendo destinados para o fim próprio, porque estavam indo para os bolsos daqueles que queriam benefício próprio. Então, o lado positivo dessa operação foi isso; foi responsabilizar aqueles que retiraram da população um dinheiro que serviria para atender essas necessidades básicas desse cidadão."

Levanta Dourados

"Olha, Dourados tem que erguer a cabeça, sacudir a poeira, e continuar sua história. Disso tudo, algumas lições podem ser aqui tiradas. Primeiro: o cidadão tem que ter a consciência de que ele pode denunciar o que ele está vendo de errado, levar para a polícia. Essa operação nasceu porque um cidadão resolveu denunciar o que estava ao redor dele e que ele via que era errado. E esse instrumento está a disposição de qualquer cidadão. O cidadão, e principalmente o servidor público, não tem a desculpa, não tem nenhuma desculpa, para ficar silente diante das irregularidades que está percebendo no órgão dele. Essa operação demonstrou isso. Que a polícia tem sensibilidade para ouvir o cidadão e investigar esses fatos que o cidadão está trazendo. Aliás, não é a primeira operação que foi desencadeada com base nas informações que foram trazidas pelo cidadão. Outras foram desencadeadas. Constantemente as operações são desencadeadas com base nas informações que o cidadão traz. E outra coisa positiva que a Uragano mostrou, é que há uma saída para a corrupção, que é a denúncia; e que não só o "baixo clero" pode ser responsabilizado. Os governantes, detentores de altos cargos públicos, de mandatos, podem e devem ser responsabilizados.

Passaia

Todo cidadão tem a obrigação de denunciar. É muito comum no final das operações as pessoas dizerem assim: Ah, eu já sabia disso; todo mundo sabe; isso aí eu já estava cansado de saber; e não leva para a polícia. A operação Uragano teve o sucesso que teve, porque o cidadão colaborou; o servidor público resolveu colaborar. E se ele não tivesse colaborado? Ninguém tinha sido responsabilizado; ninguém tinha ido para a cadeia; os cofres públicos continuariam sangrando; a população continuaria sem assistência, sem remédios, sem equipamentos, sem recursos. Então, a população tem que entender o seguinte: A atitude do ex-secretário foi meritória. Ele fez o que não é todo mundo que tem coragem de fazer - é claro que ele pagou um preço por isso - e aí as pessoas julgam, atribuem a ele, talvez, motivações pessoais, que não são as mais corretas, mas a atitude dele levou ao desmantelamento de uma organização criminosa que sangrava os cofres públicos há muito tempo. Então, ela é meritória sim.

Mais indiciados ?

Olha.. a Polícia Federal trabalha com fatos. Se chegar ao conhecimento da polícia algum fato que demande a necessidade de uma investigação, seja contra quem for, a investigação vai ser feita. A Polícia Federal é uma polícia de Estado, não é uma polícia de governo, não sofre interferências, e, portanto, ela tem plena condição de responsabilizar quem quer que seja, independente da função ou do cargo que exerça. Se você chegar com um fato, contra quem quer que seja, que precise ser investigado, vai ser investigado.

Dourados

Eu quero dizer para a população de Dourados que acredite na Polícia Federal. Os policiais que aqui trabalham só têm uma preocupação - desempenhar sua função. Nós estamos aqui para investigar crimes, seja contra quem quer que seja. Então, o que nós fizemos, nada mais foi que a nossa obrigação. Ficamos felizes, obviamente, porque conseguimos fechar a torneira que sangrava os cofres públicos, que nós também, policiais, moramos em Dourados e precisamos do serviço público de Dourados, nós sentimos também na pele essas deficiências. Eu quero dizer que a população de Dourados pode continuar confiando na Polícia Federal. E procurem a Polícia Federal, para denunciar o que quer que seja. Nós estamos aqui prontos. Nós recebemos o nosso salário para trabalhar em prol da população. Nós estamos em Dourados com o nosso serviço todo direcionado em prol da população douradense e da região - dos 18 municípios que fazem parte da circunscrição da delegacia e a nossa atenção está voltada para isso.  Então eu acredito que a população de Dourados deve chacoalhar a poeira para seguir sua história; aprender com isso que tem que ter responsabilidade na hora do voto, escolher os seus governantes e seguir a vida.