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Que a insensatez não venha sobrepor ao bom senso

14 abril 2020 - 11h58Por MADSON VALENTE

“Tempos de pandemia, oportunidade para defender os princípios de vida e não de morte”.

Após a eclosão da Covid-19 na cidade de Wuhan, China, em um mercado de frutos do mar, devido o vírus que conseguiu migrar dos morcegos para os seres humanos, se tornando um desafio para compreensão desta mutação, se transformando no maior problema da humanidade, inúmeras discussões são presenciadas e há uma confusão de valores culturais que foram impostos ao longo do processo histórico das ”relações humanas” que promovem verdadeiras atrocidades pelo mundo, dentro de visões egocêntricas e vertidas para a ideia de que a produção não pode parar.

Compreensível, pois quem produz e faz as máquinas funcionarem são em sua ampla maioria os trabalhadores, sendo que o que os separa é o fato dos patrões não sobreviverem sem a força do trabalho dos mesmos, além do mais quem faz a economia girar são também os pequenos negócios, os assalariados, são estes que promovem e geram riquezas, pequenas minorias privilegiadas apenas detém os meios de produção, mas são impotentes para gerar riquezas, apenas acumulam aquilo que compreendemos pela chamada mais valia (excesso de trabalho não pago).

Diante desta situação, há o surgimento do debate ideológico, daqueles que defendem os valores culturais impostos, tais sejam, da produção, crenças enraizadas em valores que se contrapõe aos valores éticos da dignidade humana, dos princípios cristãos e que nos faz em tempos de filósofos de mídias sociais, revolucionários sem causa ou simplesmente “robôs” modernos, que apenas transmitem mensagens, procurarem embalados e alimentados pela ignorância defenderem modelos e atitudes que se contrapõe aos conhecimentos e orientações cientificas. Tanto é verídica nossa afirmação que o Brasil neste momento, conforme previsões do Ministério da Saúde, começa a identificar de forma vertiginosa o crescimento do número de casos em ascensão vertical assustadora, entretanto também nos deparamos com comportamentos por parte da população que são incompreensíveis, deprimentes e ridículos, diante da gravidade de tal temática, para satisfação daqueles que preferem pagar pra ver.

Detentor de mandato de vereador em Dourados e cônscio de minha responsabilidade, emanado pelo voto popular, temos o privilégio de liderar, de ter voz e voto na Câmara Municipal, portanto enquanto líder precisamos oferecer aos liderados alternativas, direção, que poderão agradar ou desagradar, mas nós sobrevivemos, principalmente na política quando temos coragem de nos posicionar, de verter para horizontes que em algumas situações são mais desafiantes para se delimitar, para propor alternativa que acreditamos ser a melhor, mas a democracia é bela e possui a magia de nos permitir tal condição. Portanto, defendo os valores da vida, não os valores mortais, prefiro ser apedrejado pelos insensatos do que ver o meu silêncio contribuir para que o genocídio possa se estabelecer, posso sim, pois tenho voz, posso até gritar, pois minhas convicções são luzes para o meu caminho.

Que este momento nos sirva para reflexões mais profundas, que os valores verdadeiros possam aflorar, que os corações humanos não sejam tão impermeáveis para se nutrirem de maior sensatez, que a capacidade do homem e sua inteligência seja despertada, pois o modelo de mundo que possuímos não é ideal para ampla maioria da população mundial, todos os dias morrem milhões de pessoas por falta de saneamento, por fome, não pelo fato de não ter produção, mas pelo motivo dos armazéns abarrotados estarem concentrando comida, explorando e regulando os mercados mundiais, principalmente EUA, Canadá e países europeus, todos assolados pela pandemia da Covid-19.

Não compreendam que isso seja castigo, pois DEUS não é vingativo, mas por terem construído ao longo do processo de domínio territorial e cultural um modelo civilizatório que está sendo implodido na sua essência, na sua incapacidade de cuidar e de promover conhecimentos científicos voltados para o bem estar da sociedade, são bilhões investidos no poder bélico, no setor automobilístico, na medicina estética, sem se preocupar com aquilo que de fato é essencial, que são nossas vidas.

Que desta aflição mundial, tenhamos várias lições, principalmente o discernimento em saber quais são os verdadeiros sentidos deste momento. Crises sempre existiram, principalmente para a classe trabalhadora, entretanto por diversas vezes nossas economias ressurgiram, todavia, vidas não ressurgem. Que todos compreendam que o isolamento social é algo que não podemos deixar de fazer, pois a velocidade do vírus depende do nosso comportamento, caso contrário ainda testemunharemos e patrocinaremos por esta ignorância cenas inimagináveis comparadas aos campos de concentração do holocausto.

Que mais do que nunca, confortáveis ou não, rústicas ou modernas, que nossas casas verdadeiramente se transformem em lares ainda mais aconchegantes, que cumpram seus propósitos de proteção aos que habitam, pois isso é louvável e agrada a Deus.

Que a insensatez não sobreponha ao bom senso, e que a hipocrisia e a demagogia seja por nós combatida.

* O autor é geógrafo, vereador e gerente regional da Sanesul em Dourados

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