Menu
Buscarquinta, 18 de abril de 2024
(67) 99913-8196
Dourados
20°C
Tecnologia

Pesquisa apura a capacidade de fornecimento de água pelo Aquífero Guarani

25 agosto 2017 - 13h52

O geólogo Roberto Eduardo Kirchhem está realizando estudo de datação das águas profundas do Aquífero Guarani e, para isso, coleta amostras de água de poços profundos da Sanesul, nas unidades de captação que abrangem áreas do Aquífero, nas cidades de Aparecida do Taboado, Paranaíba, Inocência, Sidrolândia, Maracaju, Dourados, Douradina, Ponta Porã, Itaporã, Amambai e Rio Brilhante.

“Fomos super bem recebidos pela equipe da Sanesul onde estivemos. Conheço várias empresas de saneamento, e as instalações da Sanesul são excelentes, atendendo todas as normas. Para quem encara a água como ponto de acesso ao estudo científico, é excelente encontrar instalações assim”, elogiou o geólogo.

O objetivo do estudo é estimar a idade da água. Para isso, são coletadas duas amostras da água para que seja feita análise química (que depois será disponibilizada para a Sanesul, tendo em vista que são análises mais abrangentes das que as empresas de saneamento costumam fazer, e sem custos para o Estado) e a análise de isótopos de oxigênio e de hidrogênio, a partir das quais é possível obter dados como o clima da terra no momento que a água entrou no subsolo.

Segundo o geólogo, a água do Aquífero em Mato Grosso do Sul tem no mínimo 150 mil anos. Conhecendo a velocidade desta água, é possível identificar a distância que ela penetrou no subsolo. “A partir destas informações, conseguimos fazer a gestão do Aquífero como um todo”, completou.

“Já estudamos o modelo de fluxo da água do Aquífero e agora estamos querendo corroborar as linhas de fluxo para conseguir entender a dinâmica do corpo aquífero e aí partir, em uma segunda etapa, com cálculos matemáticos, fazendo o balanço de entrada e saída, conseguir saber quanta água tem e quanto pode tirar, quando pode tirar, o que é uma informação preciosa para os órgãos gestores e companhias de saneamento”, explicou Roberto, que está fazendo os estudos acompanhado da também geóloga Márcia Regina Stradioto.

De acordo com Roberto, é pouco provável que o manancial de água do Aquífero venha a secar, tendo em vista o grande volume, mas o que pode acontecer, não em Mato Grosso do Sul, porque aqui o Aquífero está confinado, é o rebaixamento dos níveis e a baixa pressão da água nesses pontos.

“A Sanesul sempre procurou liberar para pesquisa seus dados técnicos, até porque as informações pesquisadas também nos ajudam bastante. Neste caso, como trabalhamos com outorga (de direito de uso de recursos hídricos) concedida pelos órgãos ambientais, não se pode explorar uma capacidade ilimitada, temos que ter uma reserva inferida, saber o que pode ser retirado para ver se não está acima da capacidade do Aquífero. Isso é o manejo dos recursos, por isso estes estudos todos nos auxiliam bastante para dimensionar, fazer um estudo do Aquífero como um todo”, completa o gestor de processo de Hidrogeologia da Sanesul, Antônio Carlos Benatti.

A coleta das amostras de água nos poços da Sanesul termina nas próximas semanas, e o resultado final da pesquisa será publicado em 2019.

Roberto Kirchhem é pós-graduado em hidrogeologia e geologia aplicada pela Universidade Karl Eberhadt Universitat Tuebingen e em recursos hídricos e saneamento pela IPH-UFRG, e é pesquisador da CPRM (Serviço Geológico do Brasil), empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, cuja missão é gerar e difundir o conhecimento geológico e hidrogeológico básico necessário para o desenvolvimento sustentável do Brasil. Este trabalho no Aquífero Guarani faz parte de projeto de pesquisa de doutorado em hidrogeologia pela UNESP-Rio Claro.

Aquífero Guarani

O Aquífero Guarani é um imenso aquífero que abrange partes dos territórios do Uruguai, Argentina, Paraguai e, principalmente, Brasil, ocupando 1 200 000 km². É capaz de abastecer a população brasileira durante 2.500 anos, segundo o site livre Wikipédia. A maior parte (70% ou 840.000 km²) da área ocupada pelo aquífero está no subsolo do centro-sudoeste do Brasil, sendo que Mato Grosso do Sul concentra a maior parte (213.700 km²), seguido por Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e Mato Grosso. O restante se distribui entre o nordeste da Argentina, noroeste do Uruguai e sudeste do Paraguai.