Menu
Buscarsexta, 26 de abril de 2024
(67) 99913-8196
Dourados
32°C
Opinião

O negacionismo do Presidente da República

01 abril 2021 - 12h43Por Francisco das C. Lima Filho

O Brasil até hoje perdeu mais de duzentos e sessenta mil pessoas em virtude do terrível convid-19 – novo corona vírus - e tem milhões de contaminados, enquanto o sistema de saúde, especialmente o sistema público, entrou em colapso em praticamente todos os Estados.

Isso se deve, em grande parte ao injustificável negacionismo de algumas figuras do Governo, especialmente do Presidente da República, que tem demonstrado e repetido seguidas vezes, total falta de sensibilidade humana, com desrespeito aos doentes, à memória dos milhares de mortos – mais de trezentos mil - e à dor de suas famílias, como tem ocorrido quase diariamente em seus pronunciamentos que, de certa forma, estimulam o desrespeito às medidas de prevenção, como o uso de máscaras e o de isolamento.

A par disso, não comprou em tempo oportuno as vacinas que é o mais importante antidoto contra essa terrível patologia e continua a insistir em remédios terapêuticos que os cientista de todo o mundo dizem não aptidão para prevenir menos ainda curar do terrível vírus, e na terceirização de sua responsabilidade enquanto chefe de Estado e principal responsável pelas adoção e coordenação das medidas de prevenção contra esse maldito mal que vem assolando o mundo desde 2020 e que agora se encontra, entre nós, agravado sobremaneira, nomeadamente pelo aparecimento de novas cepas que sequer se sabe se serão neutralizadas pelas vacinas atualmente existentes.

É claro que também parte da população tem uma grande parcela de culpa no agravamento da crise, à medida que descurou, quando não devia, das medidas preventivas, especialmente do uso de máscaras e do isolamento social e ainda continua assim agindo, em que pese a gravidade e a seriedade do agravamento da pandemia com a chamada “segunda onda”, pois continua promovendo aglomerações, não usando máscaras que potencializam as possibilidades de contaminação, aumentando a crise da falta de leitos nos hospitais públicos e privados, o que levou a um estado de caos em quase todos os Estados, inclusive aqui no Mato Grosso do Sul como reconhecem diariamente as autoridades estudais e municipais de saúde.

Nesse quadro, o Brasil continua dando péssimos exemplos da ausência de medidas concretas para reduzir os índices de contaminação e mortalidade, sendo considerado se não o pior, um dos piores exemplos quanto à ausência de prevenção da covid-19, a ponto do ex-chanceler brasileiro ter sido chamado atenção em outro país, numa solenidade oficial transmitida para todo o mundo porque não estava usando máscara, e mais uma vez envergonhando os brasileiros e dando um péssimo exemplo enquanto integrante do Governo brasileiro.

Nesse inadmissível quadro, o Presidente precisa parar de terceirizar sua responsabilidade constitucional, parando com a guerra e as ameaças que insiste em manter com o Governadores, a ponto de dizer, numa de suas inúmeras e infelizes falas, que nos Estados em que fossem adotados medidas restritivas e de isolamento social que os Governadores não receberiam verbas da União e seguida publicou dados incorretos a esse respeito, numa incrível tentativa de colocar a população contra os dirigentes estaduais, no mais completo desrespeito e desprezo aos princípios nos quais se assenta o sistema federativo, quando o correto seria que a União se unisse aos Estados e Municípios na adoção de medidas para controlar e reduzir a contaminação e o número de óbitos, inclusive na aquisição de vacinas para imunizar a população, pois é esse seu dever constitucional.

Já passou da hora de parar com essa guerra político-ideológica, pois o momento exige união de todos, Governo e população, instituições públicas e privadas, esquecendo-se eventuais diferenças políticas e ideológicas, para combater esse inimigo invisível comum, inclusive com vacinação em massa da população, para salvar vidas e diminuir a contaminação e com isso certamente também a economia será recuperada, como, aliás, reconhecido pelo próprio Ministro da Economia do Governo.

Se não forem adotas essas medidas e o Presidente não parar com as atitudes que vem adotando, caminharemos, a passos largos, para uma tragédia humana sem precedentes no Brasil que se avizinha, com cerca de três mil óbitos diários como ocorreu nas últimas vinte quatro horas.

Presidente, toda essa tragédia não lhe sensibiliza? O senhor também tem família e creio que deseja que seus filho, esposa, mãe e netos vivam e com saúde, todos nós também temos esse mesmo desejo e direito.

É hora de união e não de divisão, de paz e não de guerra.

* É Magistrado do Trabalho em MS