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Opinião

A BR 163 e o reconhecimento a 'Chico Mineiro' e Manuel da Costa Lima

08 julho 2019 - 14h43Por Madson Valente

Mato Grosso do Sul, pela sua posição geográfica, por ser corredor do Mercosul e estar próximo dos grandes centros comerciais deste país. Precocemente se tornou uma das economias mais competitivas e atraentes para investimentos, entretanto fatores históricos merecem reconhecimento e devem ser destacados. São inúmeras as situações que foram estruturantes, por isso vertemos nossa análise para a pavimentação asfáltica da BR 163 e os impactos definitivos para nos transformar e fomentar nosso desenvolvimento. Definitivamente, estávamos inseridos em uma plataforma rodoviária que nos interligaria de sul ao norte deste país e nos aproximava ainda mais do maior centro comercial e consumidor, no caso São Paulo.

O ano de 2019 representa os 50 anos da pavimentação asfáltica da BR 163 do trecho Campo Grande/Nova Alvorada do Sul e os 40 anos da pavimentação asfáltica do trecho Dourados/Nova Alvorada do Sul, sendo este ano bastante representativo, marcante para todos e digno de ser lembrado, visto que Campo Grande e Dourados são as principais cidades do estado do Mato Grosso do Sul e compõe as estatísticas de estarem entre as 100 melhores economias do Brasil, se tornando referências e consequentemente promovendo qualidade de vida para seus habitantes, gerando empregos e contribuindo para a promoção da inclusão social.

Ressalta-se que dentro deste processo histórico dois fatores nos chamam a atenção, primeiramente devemos render um tributo ao pioneiro Manuel da Costa Lima, responsável pela abertura da estrada que liga Campo Grande a cidade de Bataguassu que, as suas custas, após autorização do Estado, abriu-a. Nome indelével na memória do estado de Mato Grosso do Sul, tendo este nascido no ano de 1866 e faleceu em Campo Grande em 1955, recebeu através da resolução 345 do poder executivo de Mato Grosso autorização para realizar seu sonho pessoal, ligar o então Mato Grosso a São Paulo, sendo que em 14 de Agosto de 1904 entrega ao governo mato-grossense o memorial descritivo, pagou tamanho investimento sacrificando patrimônio particular ao vender uma fazenda na região do hoje distrito de Anhanduí.

Seu reconhecimento chegou ao Senado da República através do ex-senador Fernando Corrêa da Costa que, em certa ocasião assim se expressou: “A obra de Manuel da Costa Lima foi epopeia digna de herói grego, somente poderia realizá-la quem tivesse a mística dos obstinados, que é a marca dos grandes homens”.

Em 1969 o ex-presidente da República Emílio Garrastazu Médici, inaugurando a pavimentação asfáltica, materializa um dos projetos mais importantes e determinantes para consolidar o sul do então estado de Mato Grosso, vindo após oito anos se tornar Mato Grosso do Sul.

Em Dourados no ano de 1975 se inicia o projeto de pavimentação da BR 163 no trecho já mencionado, sendo concluída no ano de 1979, sendo que a empresa responsável pela execução veio do estado do Ceará, empresa denominada EIT que se instalou no distrito de Vila Vargas, proporcionando naquele período enorme euforia para nossa região, pois após a instalação da CAND (Colônia Agrícola Nacional de Dourados) em 1943 seria com certeza o maior projeto para região e complemento estratégico para o desenvolvimento local.

Neste cenário e longe de querer fazer comparação a Manuel da Costa Lima, visto que os tempos vivenciados por este foram muito mais penosos, todavia em um grande gesto se destaca Francisco Cândido Pereira, nosso querido e saudoso “Chico Mineiro”. Retirante do estado de Minas Gerais, da cidade de Presidente Bernardes, nascido em 13 de novembro de 1918 e falecido em 24 de janeiro de 1999, na oportunidade doou parte de sua propriedade e, literalmente, sem nenhuma custa para o governo para que a referida empresa pudesse se instalar, não se preocupando com os impactos sobre sua propriedade, sendo estas terras improdutivas até hoje, dando um sólido exemplo de espírito público, demonstrando enorme capacidade de dimensionar a importância daquele empreendimento para Dourados.

Que estes legados proporcionados por Manuel da Costa Lima e por Francisco Cândido Pereira sirvam para nos inspirar, entretanto também nos cabe necessária reflexão que, além de olharmos para o futuro, sejamos sempre sensíveis em reconhecer aqueles que desbravaram e se doaram para fazer desta terra um dos paraísos mais desejáveis e encantadores deste país.

* O autor é Vereador, Professor, Geógrafo e Assistente Comercial da Sanesul