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DOURADOS - MATO GROSSO DO SUL

11 outubro 2017 - 13h17

A origem do termo Mato Grosso é incerta, acredita-se que seja originária da palavra guarani kaagua´zu (kaa bosque, mata e Guazu grande, volumoso), que significa, literalmente, Mato Grosso.

O povoamento: A ocupação humana do estado de Mato Grosso do Sul iniciou-se por volta de 10.000 anos A.C. através dos primeiros habitantes indígenas, ancestrais dos ameríndios contemporâneos Guaranis, Terenas, Kaiuás e Caiapós, tendo, através dos anos, novos povos estabelecidos na região, como, por exemplo, os Ofaiés.

Os primeiros europeus: A partir do descobrimento da América, iniciou-se uma corrida para esta região, após a descoberta da riqueza do Império Inca, no Peru, por Pascual de Andagoya.

Em 1510, Juan Diaz de Solis tentou alcançar o Império Inca pelo estuário do Rio da Prata. Fracassou! Em 1524 foi a vez de Aleixo Garcia, um português sobrevivente da expedição Solis. Seguindo a lenda do “Rei Branco” contada pelos índios guaranis quando acompanhavam Solis. Aleixo Garcia passou dez anos juntando homens e recursos para visitar o território. Foi o primeiro europeu a pisar no solo sul-mato-grossense, alcançando o Rio Paraguai e chegando à região onde hoje está a cidade de Corumbá. Sua missão não chegou ao fim, foi assassinado por índios no território paraguaio.

Foi Francisco Pizarro quem conquistou e destruiu o Império dos Incas que foi alcançado vindo pelo norte, não pelo estuário do Prata como tentaram Solis e Garcia. Outros que estiveram na região de onde está hoje Corumbá foram: Juan Ayolas (1537/1538), navegando o Rio Paraguai, que denominaram “Puerto de los Reys” a Lagoa Gayva. Entre 1542/1543, por ali andou Álvar Nunes Cabeza de Vaca a caminho do Peru. Outro visitante foi o governador de Assunção, Domingos Martinez de Irala.

Em 1579 foi fundada a comunidade de Xerez, nas proximidades dos rios Miranda e Aquidauana. Esse povoamento foi destruído pelos índios Guaicurus. Na década de 1610 uma missão Jesuítica já se expandia de Assunção, no Paraguai ao sul de Mato Grosso, tendo aldeado as comunidades indígenas do Itatim em território sul-mato-grossense. Essas missões foram destruídas pelos bandeirantes, com apoio de Antônio Raposo Tavares, em 1648.

Grande parte da região do atual Mato Grosso do Sul era conhecida pelo termo guarani itatim (pedra branca). No local houve duas reduções (missões) jesuíticas ligadas ao Colégio Jesuítico de Assunção (1598), com a finalidade de converter e reduzir os índios itatines, falantes da língua Guarani. As reduções foram de N. Senhora da Fé e Santiago de Caaguaçu.

A duração da missão do Itatim durou até 1631 e 1659, época em que os constantes ataques das expedições escravistas de paulistas, posteriormente chamadas de bandeiras, concentravam-se na região abaixo do rio Apa, para facilitar a defesa.

Em 1775 foi oficialmente fundado o Forte de Coimbra, para defesa da região. O capitão Caetano Pinto de Miranda Montenegro, governador da capitania de Mato Grosso, fundou em 1778 os alicerces do Presídio de N. Sa. do Carmo do Mondego, mais tarde conhecido como o Presídio de Miranda, de difícil acesso pelos meios precários de navegação pelo Rio Mondego, hoje Rio Miranda. Em 1778, a mando do capitão-general Luis de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, efetuou-se a ocupação da área onde hoje encontra-se a cidade de Corumbá.

O sudoeste sul-mato-grossense passou a fazer parte do Paraguai que declarou sua independência da Espanha em 15 de maio de 1811.

Em 1856 Brasil e Paraguai puseram termo aos desentendimentos, dilatando a questão por dois anos. Em 1858, a missão Rio Branco, de José Maria Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco, foi a Assunção firmar uma convenção que liberava a navegação dos rios Paraguai e Paraná para os navios de guerra do Paraguai e do Brasil. Nessa ocasião, porém, a questão dos limites foi adiada. Estas seriam as últimas negociações entre os dois países, seis anos depois, em 1864, Francisco Solano Lopez, ditador paraguaio, executaria a invasão do território brasileiro.

Um dos primeiros atos da guerra que se convencionou chamar de Guerra da Tríplice Aliança, foi o ataque do exército paraguaio à Colônia Militar de DOURADOS, comandada pelo Tenente Antonio João Ribeiro, que ao sentir que seria chacinado bradou: “Sei que morro, mas o meu sangue e o dos meus companheiros, servirá como protesto solene contra os invasores do solo da minha Pátria!” Fluiu desse evento, o nome da nossa cidade: DOURADOS, em homenagem à Colônia Militar de Dourados.

A guerra começada pelos paraguaios com a invasão do território brasileiro, mais especificamente do Mato Grosso do Sul, trouxe pesadas baixas para os dois lados. Finalmente derrotado em 1870, o ditador Francisco Solano López foi abatido e sepultado em Cerro Corá, a pouca distância da fronteira, perto de Ponta Porã.

A Guerra do Paraguai custou caro ao Brasil em recursos financeiros e ceifou milhares de vidas, contudo revelou a bravura e o patriotismo dos brasileiros e a condução segura e decidida que o Imperador D.Pedro II dedicou ao País, durante todo tempo em que durou a contenda (1864-1870).

O governo do ditador Getúlio Vargas que assumiu o poder depois do golpe em 1930, percebeu que o oeste brasileiro era pouco habitado. O crescimento populacional em Mato Grosso do Sul tão necessário, adveio de campanhas do governo, uma vez que adotou os modelos das cidade de Bata e Hoffig que baseavam-se em populações pequenas, em torno de dez mil pessoas. Com base nessas teorias de “espaço vital”, que afloraram com a II Guerra Mundial, na década de 1940, Vargas ordenou a criação de seis territórios – cinco deles na região oeste – que seriam administrados diretamente pelo Governo Federal.

Assim, em 13.09.1943, foi criado o Território de Ponta Porã, abrangendo os municípios de DOURADOS, Porto Murtinho, Miranda, Nioaque, Bela Vista, Maracaju e Bonito, estabelecendo Ponta Porã como sua capital.

Foi governador do território, que durou três anos, até 18.09.1946, extinto por força da Constituição de 1946, o militar Ramiro Noronha.

Vargas decidiu, com o programa “Marcha para o Oeste”, povoar as áreas de menor densidade populacional do Brasil, notadamente o Oeste ocupado pelo Estado de Mato Grosso que, dividido ao tempo do presidente Ernesto Geisel, gerou o Estado de Mato Grosso do Sul.

O projeto de Vargas visava o assentamento de colonos, que se dedicariam a agricultura – mormente de subsistência – ocupando os “espaços vazios” do Brasil Central. Foi nesses moldes que, em 1943, foi criado o NÚCLEO COLONIAL DE DOURADOS – NCD. O projeto atraiu levas de imigrantes e do trabalho deles originaram as cidades de Fátima do Sul, Glória de Dourados, Deodápolis, Douradinha, Jatei e Itaporã. (Google).

O NCD (Núcleo Colonial de Dourados) contava com cerca de 30.000 lotes, com 250 metros na frente e 1.200 metros da frente aos fundos, com área de 30 hectares cada um. Nessa divisão houve áreas melhores e algumas muito ruins, onde para se obter água era necessário cavar poço com até 60 metros de profundidade, com o uso de ferramentas rudimentares. A produtividade agrícola nesses sítios era sofrível, enquanto nas áreas de terras melhores, a produtividade era boa e a água de fácil acesso.

A área da COLONIA, quase toda coberta por matas, teve de ser derrubada com o uso de machados. As dificuldades eram enormes e muitos colonos, derrotados pelas dificuldades, desistiram da empreita.

Já na década de 1960, o então sul-mato-grossense presidente Jânio Quadros, em apoio aos colonos, editou uma lei que os isentava de apresentar ao Banco do Brasil qualquer garantia para obter um empréstimo, destinado a formação das suas roças. Foi um alento e a CIDADE DE DOURADOS desfrutou do movimento comercial decorrente desse incentivo.

Quando chegamos a esta cidade de Dourados, em abril de 1962, como funcionário do Banco do Brasil, fomos lotados na Carteira Agrícola, onde chegamos ao cargo de sub-Chefe. A corrida dos colonos ao Banco era impressionante. Milhares deles socorriam-se do financiamento e as roças que faziam girava, quase todas, em torno do plantio da mandioca. Só uns poucos, cultivavam amendoim ou algodão, mas a produtividade, de um modo geral era irrisória e os atravessadores ficavam com quase toda ela a título de pagamento de adiantamentos que faziam, escorados na agiotagem. Os financiamentos tinham o prazo de dois anos para o pagamento, mas a maioria não conseguia resgatá-los. Eram tempos difíceis, chovia muito e a cidade de DOURADOS estava sempre atolada no barro vermelho e pegajoso, por onde todos tinham que caminhar.

A energia elétrica era precária, não havia um metro sequer de pavimentação nas ruas, não havia água encanada, não havia telefone, – apenas radioamadores, como o Miguel Amaral e o Dr. Joaquim Lourenço. Muito menos encontrava-se casa para alugar. O comércio era inexpressivo e os produtos caríssimos. As rodovias de acesso a Campo Grande, servida pela Estrada de Ferro ou a que demandava o Estado de São Paulo, não eram pavimentadas e devido as constantes chuvaradas, o tráfego era dificílimo e encareciam as mercadorias e os alimentos de que precisávamos. Materiais para construção não havia quem os vendessem, isto em 1962!

Então, desde os primórdios, quando se ergueram os primeiros ranchos nos prefácios do século XX, no local onde seria a cidade de DOURADOS, até a década de 1960, pouca coisa mudara, havia ainda casarões de tabocas barreadas na Av. Marcelino Pires; uma delas – a maior – estava na esquina com a rua que hoje leva o nome de Nelson de Araújo.

Com o movimento militar de 1964, que liquidou com o sonho comunista da militância, o Brasil e especialmente DOURADOS, ganharam bastante. A ponte do Porto XV no rio Paraná que se arrastava sem data para inauguração, ficou pronta em tempo recorde. A pavimentação da rodovia DOURADOS/ Estado de São Paulo foi implantada assim como a rodovia que demandava Campo Grande; tudo ainda no governo do General Castelo Branco. Tivemos em seguida energia elétrica abundante, telefone e os BNHs implantados na administração do prefeito José Elias Moreira, com a decidida ajuda do Ministro Mário Andreaza, que vieram aliviar o problema habitacional em Dourados.

A cidade, com a Contribuição de Melhoria, que o beneficiário do melhoramento pagava pela pavimentação da via pública defronte seu imóvel, já se apresentava bem melhor.

Mas foi a partir de 1969 que começaram a chegar os primeiros gaúchos. Conhecedores da agricultura mecanizada em grande escala, sabiam também que sem o calcário esta terra (sílico argilosa de alta porosidade) e roxa (vermelha, do italiano russa) não produziria nada.

Adoraram a nossa topografia, levemente ondulada, que facilitaria a mecanização para o plantio e para a colheita, possibilitando a produção de grãos em duas safras anuais. Os campos, onde antes só havia capim barba-de-bode e seriemas, passou a produzir soja e milho, e as boas colheitas enriqueceram os sulistas que aqui aportaram.

A produtividade das terras fez a cidade crescer. Fez melhorar o ensino, melhorar o amparo à saúde, onde pessoas morriam por picadas de cobras, e estabelecer outros melhoramentos próprios de uma grande cidade, porque a essa altura, DOURADOS com uma população de mais de 200 mil habitantes, conta com quatro Universidades e liderara uma região com mais de um milhão de habitantes, que dispõem de rodovias pavimentadas interligadas e de fácil acesso.

O comércio é dinâmico e atualizado. Conta com um gigantesco shopping e dois mega supermercados, além de uma dezena ou mais, de outras instituições menores, todas atendendo a população com presteza, denodo e preços razoáveis.

Além de tudo que temos e podemos contar, há a promessa da implantação de uma Estrada de Ferro que viria ligar DOURADOS e toda região, aos portos de embarque para sua produção, que cresce a cada ano e o escoamento revela-se cada vez mais difícil.

Por fim, promessa também há de melhorar nosso aeroporto, para que receba grandes aeronaves. A propósito do aeroporto, impõe-se registrar, que a Estação de Passageiros construída pelo prefeito José Elias Moreira foi batizada com o nome Manoel de Matos Pereira, enquanto o Aeroporto, de propriedade da União, tem o nome sacramentado por lei, junto ao Ministério da Aeronáutica, como sendo ARLINDO CARDOZO, desde o tempo em que funcionava na hoje Vila Industrial, conforme pesquisa e documentos examinados, reproduzidos e arquivados.

* O autor é membro da Academia Douradense de Letras. ([email protected])

MATO GROSSO DO SUL - QUARENTA ANOS - 1977 – 2017

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