Menu
Buscarsexta, 10 de maio de 2024
(67) 99913-8196
Dourados
23°C
Campo Grande

Nascimento de filho faz homem descobrir vocação e sonhar com franquias

10 setembro 2016 - 12h46

O desespero em ajudar o filho caçula, que tinha acabado de nascer, fez Christopherson Bogado aceitar o convite do pai e descobrir sua vocação: a barbearia.

Aos 31 anos, ele trabalha em estabelecimento da Rua Yokohama na Capital e não pensa em mudar de carreira, mas em ampliar os negócios. Esta história ele conta em zigue-zague, assim como faz com a navalha quando desenha na cabeça dos clientes.

Quem observa Christopherson conversando com os fregueses percebe que ele finaliza as palavras com o “s” chiado, dando indícios sobre a origem corumbaense ou carioca. Ele responde ter nascido em Corumbá, mas revela que morou no Rio de Janeiro por mais de dez anos.

MUDANÇA DE PLANO

Nesse período, em que morava com a família no Complexo da Maré, ele atuava como vigilante. De tanto atuar na área de segurança, ele começou a sonhar com cargo de soldado na Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Ele se inscreveu no concurso em 2014 e ficou entre os classificados. Enquanto aguardava por outras etapas do certame, voltou para Mato Grosso do Sul. A ideia era conseguir emprego temporário, juntar dinheiro para curso de reciclagem de vigilante e voltar para o Rio de Janeiro para trabalhar como policial.

O primeiro freela foi em loja de móveis de Corumbá. Quando o contrato venceu, Christopherson se mudou para Campo Grande enquanto a esposa grávida e os dois filhos do casal permaneceram no interior.

NOVA PROFISSÃO

O filho de Christopherson nasceu ao mesmo tempo em que a oportunidade da vida dele surgiu. Ele conta que estava preocupado porque precisava enviar dinheiro para a família, quando o pai dele, experiente no quesito cortar cabelo, perguntou se ele sabia fazer barba.

Ele disse “sim” com a convicção de quem sabe o que está fazendo, mesmo sem nunca ter raspado outra barba, a não ser a dele mesmo. A “estratégia” foi posicionar o corpo de forma que o olhar atento dos outros clientes não o alcançasse. O resultado agradou o primeiro freguês de Christopherson. “A barba veio do desespero”, lembra.

De tanto praticar, ele ficou habilidoso e passou a ter interesse também em cortar cabelo. A oportunidade veio quando o pai dele precisou viajar.

Christopherson e o irmão dele, Paulo César Bogado Júnior, 21, foram até a barbearia do pai para limpar o local, quando um cliente chegou solicitando o serviço. Ele cortou o cabelo do homem e até recebeu elogio no final.

Ainda durante a ausência do pai, os irmãos entraram em um curso de barbearia e frequentaram a praça Ary Coelho durante duas semanas para testar os conhecimentos. “A gente perguntava: ‘quer cortar o cabelo de graça? O pessoal vinha’”.

Clientes iam até a praça e também procuravam pelos novos profissionais na barbearia. O pai deles retornou da viagem e ficou surpreso com a quantidade de cabelo no lixo do estabelecimento, comprovação de alguém havia trabalhado no lugar dele. “Meu pai me deu uma bronca”, declarou Christopherson.

TALENTO

Os comentários de reprovação do pai duraram pouco tempo porque logo ele percebeu o talento dos filhos.

Christopherson desistiu de voltar para o Rio de Janeiro e trabalha como barbeiro há dez meses. Ele conta que considerou os pedidos da família para continuar na cidade, além do retorno financeiro que a nova profissão trouxe.

IDEIAS

Um dos diferenciais de Christopherson são os desenhos que faz na cabeça dos clientes. Segundo ele, este tipo de arte atrai desde meninos até homens da terceira idade. “O mais difícil que já fiz até hoje foi o Bart Simpson na cabeça de uma criança. Criança mexe muito”, diz.

Mas na lista teve também homem que cortou a cabeleira para homenagear a esposa.

Além dos desenhos, ele acredita que os fregueses são atraídos também pelo próprio ambiente. “Todo mundo que entra aqui vira amigo”. Ele cita até o companheirismo presente entre os “concorrentes” que trabalham na redondeza. “A gente tira uma dúvida ou outra”.

Para não perder o espaço que conquistou neste segmento, Christopherson tem alguns projetos. Ele já convidou um tatuador para trabalhar na barbearia e agora sonha em ampliar os negócios, fazendo com que cada barbeiro da família atue em um ponto da cidade.

“Nunca me imaginei trabalhando com isso e agora não me imagino trabalhando sem isso”, declara.

Christopherson, chamado de Chris pelos clientes, atua em salão da Rua Yokohama 1253.

Deixe seu Comentário

Leia Também