Haitianos em fuga após o terremoto que atingiu o país há um ano, seguido de uma epidemia de cólera, elegeram o Acre como rota de entrada no Brasil. A explicação, segundo autoridades, é a falta de fiscalização na região.
Segundo a Superintendência da Polícia Federal no Estado, 76 haitianos chegaram ao Acre e pediram refúgio no Brasil desde abril de 2010. Nos anos anteriores, nenhum haitiano havia pedido tal status no Estado.
Porém, nem todos procuram a polícia. Segundo representantes do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, o Estado tem mais de 150 haitianos.
Segundo o secretário estadual da Justiça, Henrique Corinto, os haitianos contam que, depois de passar pela República Dominicana, embarcam para o Equador, de onde seguem para o Peru.
"De Puerto Maldonado [Peru], eles entram na fronteira do Brasil das formas mais diversas, mas muitos deles vêm caminhando por Assis Brasil [cidade na fronteira]", disse o secretário.
Renato Zerbini, membro do Conare, disse que os haitianos não estão sendo considerados refugiados, pois imigração por causa de catástrofe não garante esse status.
Zerbini afirmou que a escolha do Acre ocorreu após os chamados "coiotes" --criminosos pagos para fazer o transporte ilegal de pessoas-- notarem uma menor fiscalização das fronteiras.
Antes, as entradas preferidas eram o Amapá, via Guiana Francesa, ou São Paulo.
Em Brasileia, (231 km de Rio Branco) há aglomerações de haitianos em praças.
Segundo o Conare, o plano da maioria dos imigrantes é viajar para cidades maiores, onde há mais empregos.
A Igreja Católica e o governo do Acre passaram a oferecer alimentos e abrigo aos estrangeiros. O padre Rutemarque Crispim disse que desde julho haitianos são abrigados em algumas salas da catequese, a pedido da PF.
"Atualmente, eles estão em pousadas, mas estamos organizando um local para abrigar todos, que é o ginásio. Já conseguimos os colchões e os banheiros", disse.