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No Rio de Janeiro ao menos 14 pessoas desaparecem todos os dias

04 janeiro 2011 - 12h21Por Redação Douranews/ com r7

O desaparecimento da psicóloga Karen Tanhauser, de 37 anos, na última sexta-feira (31), na zona sul do Rio de Janeiro, está longe de ser uma exceção. De janeiro a outubro de 2010, foram registrados 4.484 casos de pessoas desaparecidas em todo o Estado, uma média de 14 pessoas por dia, segundo o ISP (Instituto de Segurança Pública). Foram 60 casos a mais do que o registrado no mesmo período do ano de 2009.

Quase metade dos 1.933 casos (43%) acontece na capital. Já a Baixada Fluminense fica em segundo lugar, com 1.157 casos (25%). Na zona sul, região onde a psicóloga sumiu, poucos casos são registrados. Em dez meses, foram 157 ocorrências.

Já as zonas norte e oeste respondem por quase a totalidade dos casos: 815 e 847, respectivamente. A região com o menor índice é o Centro, com 118 casos no mesmo período.

Em dezembro do ano passado, o ISP fez um estudo sobre os desaparecidos no Rio de Janeiro, com base em registros de ocorrência do ano de 2007, quando foram verificados 4.423 desaparecimentos.

Assim como Tanhauser, que foi encontrada viva nesta segunda-feira, foi constatado que 71,3% dos desaparecidos são achados com vida. Além disso, 14,7% não reapareceram; 6,8% foram mortos; 4,4% foram considerados sem informação; e 2,9% a família informou não ter havido desaparecimento (mesmo constando um registro de ocorrência).

Dos 6,8% que reapareceram e estavam mortos (31 de uma amostra de 456 investigados), 18 foram referentes a homicídios dolosos, o que, para os pesquisadores, comprova que não há relação direta entre desaparecimento e homicídio.

Fuga, distúrbios mentais e violência

De acordo com o levantamento, 17,4% dos casos de desaparecimento foram motivados por fuga, caracterizados também pela independência financeira e psicológica da pessoa que desapareceu. Em seguida, vêm os distúrbios mentais, responsáveis por 15% dos casos e, em terceiro lugar, estão as causas violentas, com 12,9%, como homicídio, sequestro e abandono forçado do lar por causa de violência doméstica, entre outros.

Os homens são maioria entre os desaparecidos, 61,6%, enquanto as mulheres respondem por 38,4%. Os homens são também as principais vítimas de desaparecimentos que se confirmam como homicídios (81,9%).

Com relação à faixa etária, a concentração se dá nas seguintes faixas: entre 15 e 19 anos, com 20,8%; de 10 a 14 anos, com 12,4%; e de 20 a 24, com 8,9%.

No quesito escolaridade, o estudo apontou que a maior parte possui primeiro grau incompleto, com 30,9%. Em segundo lugar, com 13,8%, primeiro grau completo, e, em terceiro lugar, segundo grau completo, com 8,5%.

Casos sem solução

No Rio, entre os casos mais recentes, e que não tiveram solução, estão o de Priscila Belfort, irmã do lutador Vitor Belfort, e o da engenheira Patrícia Franco.

Priscila desapareceu no dia 9 de janeiro de 2004, sem deixar pistas. Segundo informações, ela teria sido vista pela última vez na avenida Marechal Floriano. Três hipóteses foram levantadas para explicar o sumiço. Na primeira, ela teria brigado com a mãe. A segunda possibilidade levantada pela polícia é que ela teria sido vítima de um sequestro-relâmpago e morta. A última hipótese é que Priscila teria se envolvido com um traficante, que se vingou da jovem após o fim do namoro.

Já a engenheira Patrícia foi vista pela última vez na madrugada do dia 14 de junho de 2008, ao sair de uma festa na Urca, zona sul do Rio. Imagens do circuito interno de TV  mostram a jovem de 24 anos entrando no carro. Pouco depois, o veículo foi encontrado nas pedras, junto à lagoa de Marapendi, no início da Barra, zona oeste, onde morava com os pais.

Dois policiais que estavam próximos foram os primeiros a chegar ao local, mas não encontraram o corpo da vítima. Mergulhadores do Corpo de Bombeiros fizeram buscas e nada encontraram. Além disso, os peritos não acharam manchas de sangue dentro do carro.

Dias depois, foram identificados marcas de tiros na lataria do carro. Foi quando a Divisão Antissequestro (DAS) foi acionada e assumiu a investigação. Porém, mais de um ano e meio depois, o corpo nunca foi encontrado.