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Planalto divulga nota após PF apontar que Temer tinha voz de comando em organização criminosa do PMD

12 setembro 2017 - 17h40Por Guilherme Mazui/G1

No dia seguinte à conclusão do inquérito no qual a Polícia Federal (PF) aponta indícios de que o presidente Michel Temer tinha voz de comando em uma suposta organização criminosa formada por integrantes do PMDB da Câmara, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou nesta terça-feira (12) uma nota em que afirma que “facínoras roubam do país a verdade” e que “bandidos constroem versões” em busca de imunidade ou perdão de crimes.

O comunicado oficial do Palácio do Planalto não cita o relatório da PF, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por tratar de autoridades com prerrogativa de foro. Questionada pelo G1, a assessoria da Presidência informou que a nota responde “recentes acusações contra o presidente”.

Na investigação, a PF viu indícios de formação de organização criminosa envolvendo integrantes do grupo conhecido como "PMDB da Câmara". De acordo com as investigações, além de Temer, fazem parte da suposta quadrilha os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa Civil), os ex-deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA).

A mensagem da assessoria da Presidência afirma que o “Estado Democrático de Direito” serve para preservar a integridade do cidadão e coibir “barbárie da punição sem provas”. Contudo, “o Brasil vem assistindo exatamente o contrário”.

A nota registra que “reputações são destroçadas em conversas embebidas em ações clandestinas” e que “muda-se o passado sob a força de falsos testemunhos”. A mensagem ainda critica a criminalização de ações que eram legais, como o financiamento empresarial das campanhas políticas.

Entre os depoimentos analisados pela PF estão o do doleiro e operador Lúcio Funaro, que teve a delação premiada homologada pelo STF. Funaro disse aos investigadores que Temer pediu a ele que repassasse para campanhas comissões obtidas por negócios feitos na Caixa Econômica Federal. Funaro também relatou que o presidente interveio para defender interesses de grupos privados aliados durante a tramitação da MP dos Portos.

Esta é a segunda nota divulgada pela Presidência em dois dias. Na segunda à noite, a assessoria de Temer rebateu o relatório da PF ao dizer que o presidente “não participou e nem participa de nenhuma quadrilha”.

Auxiliares de Temer analisam com preocupação, segundo relatos ouvidos pelo G1, o desdobramento das investigações que envolvem Temer, em especial diante da expectativa de que a Procuradoria Geral da República apresente uma segunda denúncia contra o presidente.

Pessoas do entorno de Temer avaliam que a prisão de Joesley Batista e Ricardo Saud, executivos do grupo J&F, tornou o ambiente favorável para que a Câmara dos Deputados barre o avanço ao STF de mais uma denúncia, a exemplo do que ocorreu com a primeira acusação por corrupção passiva. Contudo, o desenrolar de outras apurações podem mudar o cenário.

Outro fator de preocupação é a situação do ex-ministro Geddel Vieira Lima, também citado no relatório da PF. Aliado de Temer, Geddel foi preso após a PF encontrar R$ 51 milhões em um apartamento na Bahia que seria utilizado por ele.

Leia a íntegra da nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência:

Nota à imprensa

O Estado Democrático de Direito existe para preservar a integridade do cidadão, para coibir a barbárie da punição sem provas e para evitar toda forma de injustiça. Nas últimas semanas, o Brasil vem assistindo exatamente o contrário.
Garantias individuais estão sendo violentadas, diuturnamente, sem que haja a mínima reação. Chega-se ao ponto de se tentar condenar pessoas sem sequer ouvi-las. Portanto, sem se concluir investigação, sem se apurar a verdade, sem verificar a existência de provas reais. E, quando há testemunhos, ignora-se toda a coerência de fatos e das histórias narradas por criminosos renitentes e persistentes. Facínoras roubam do país a verdade. Bandidos constroem versões “por ouvir dizer” a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão, mesmo que parcial, por seus inúmeros crimes. Reputações são destroçadas em conversas embebidas em ações clandestinas.
Muda-se o passado sob a força de falsos testemunhos. Vazamentos apresentam conclusões que transformam em crimes ações que foram respaldas em lei: o sistema de contribuição empresarial a campanhas políticas era perfeitamente legal, fiscalizado e sob instrumentos de controle da Justiça Eleitoral. Desvios devem ser condenados, mas não se podem criminalizar aquelas ações corretas protegidas pelas garantias constitucionais.

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