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PF pede mais prazo para entregar relatório final sobre a Operação Carne Fraca

31 março 2017 - 16h45Por G1

O delegado de Polícia Federal (PF) Maurício Moscardi Grillo pediu mais 15 dias para a apresentação do relatório final da Operação Carne Fraca. O ofício sobre a prorrogação do prazo foi protocolado no site da Justiça Federal, na noite de quinta-feira (30).

A PF tem 30 dias para apresentar o relatório final; o prazo começou no dia em que a operação foi deflagrada, em 17 de março. Agora, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva decide se aceita ou não o pedido de prorrogação.

De acordo com o delegado, até agora, já foram realizadas oitivas de 79 conduzidos coercitivamente, de 11 presos temporários e de três presos preventivos. Ainda conforme Moscardi, resta ouvir 22 presos preventivos, além do diretor da BRF André Baldissera, solto após pagamento de fiança.

"Observa-se, em razão do conflito entre diversas declarações prestadas pelos conduzidos, a necessidade de reinquirição de inúmeros investigados com a finalidade de esclarecimento dos fatos que integrarão o relatório final", argumentou Moscardi no requerimento.

Moscardi também disse que é preciso digitalizar todo o material apreendido na operação. "Ocorre que, mesmo diante de grandioso esforço da equipe investigativa, há necessidade de abertura e digitalização de todo material apreendido referente a cento e noventa e cinco malotes", acrescentou.

Carne Fraca

Considerada a maior operação da Polícia Federal, quando se fala em números, a Carne Fraca soma 309 mandados, sendo 37 de prisão. Do total, 36 suspeitos foram presos e apenas um continua foragido. Veja quem são todos os alvos.

A PF aponta um esquema de fraude na produção e comercialização de carne. Além de corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e produtores, a investigação encontrou indícios de adulteração de produtos e venda de carne vencida e estragada. Das 21 fábricas investigadas, 18 ficam no Paraná.

O juiz federal responsável pela operação, Marcos Josegrei da Silva, afirma que as investigações não tiveram como foco a qualidade dos produtos vendidos no Brasil, mas, sim, a apuração de crimes como corrupção, associação criminosa e extorsão, supostamente cometidos por agentes públicos e funcionários de empresárias do ramo.

Há ainda a suspeita de que partidos políticos tenham sido beneficiados com o pagamento de propina, como o PP e o PMDB.

Ainda no âmbito da política, Ronaldo Sousa Troncha, ex-assessor do deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR), disse em depoimento à PF, que o atual ministro da Justiça Osmar Serraglio (PMDB-PR) participou da indicação de Daniel Gonçalves Filho para assumir a superintendência regional do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Paraná.

Daniel é considerado, pela PF, o líder do esquema de fraudes revelado pela Operação Carne Fraca.

Consequências

Logo depois da operação, dois frigoríficos da Região Metropolitana de Curitiba que foram alvos da Operação Carne Fraca suspenderam as atividades e demitiram 280 funcionários. As empresas pertencem ao grupo Central de Carnes Paranaense Ltda.

Ainda na sequência, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Blairo Maggi, esteve no Paraná e vistoriou a unidade da Seara na cidade da Lapa, Região Metropolitana de Curitiba. O local, que produz frango e exporta para a China, foi alvo de mandado de busca e apreensão.

As vistorias nos supermercados também têm sido frequentes, tanto na capital, quanto no interior, como em Londrina, na região norte. Em Curitiba, técnicos do Laboratório Central do Estado (Lacen) já, inclusive, começaram a analisar carnes recolhidas pela Vigilância Sanitária de Curitiba.

Também por conta da operação, quem comprou carne das empresas Peccin, Souza Ramos e Transmeat pode pedir o dinheiro de volta. As três empresas devem iniciar o recolhimento dos produtos até segunda-feira (27). Saiba como obter reembolso.

Para provar que o produto vendido é de qualidade, trabalhadores da Peccin em Curitiba fizeram um protesto. Eles cortaram lombo e salsicha e distribuíram em frente à empresa. Os profissionais temiam demissão. Dias depois do protesto, o sindicato que representa os trabalhadores informou que todos os empregados na empresa devem ser demitidos.