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Esportes

'Brasil no caminho certo contra doping', diz investigadora

28 novembro 2015 - 13h10Por GloboEsporte/Douranews

Funcionando desde novembro de 2009, a UKAD, Agência Antidoping do Reino Unido, foi criada com a intenção de proteger o estado das ameaças de doping. Nas Olimpíadas de Londres 2012, seu trabalho teve grande influência e foi elogiado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Pela primeira vez na história, uma agência nacional trabalhou com a chancela do COI em um serviço de inteligência para prevenir, identificar as ameaças e possíveis atletas que poderiam estar dopados. Gabriella Re, britânica, foi a responsável por criar e organizar todo o trabalho. Sua experiência será usada nas Olimpíadas do Rio 2016 em parceria com o próprio COI e a Autoridade de Controle de Dopagem do Brasil, a ABCD, além do Comitê Rio 2016.

Na última quarta-feira, Gabriella participou de uma reunião em Brasília ao lado de representantes da ABCD e de outros órgãos do governo brasileiro que vão participar dos trabalhos para combater o doping nos Jogos Olímpicos. Anvisa, Ministério da Defesa, Serviço de Inteligência Nacional, Forças Armadas, Secretaria Nacional de Grandes Eventos e a Receita Federal estão na empreitada. Para Re, o Brasil sai na frente de Londres nessa guerra contra o doping e terá ajuda também de todas as informações coletadas há quatro anos para tentar identificar, testar e punir quem burlar o sistema.

- Em Londres 2012 tivemos desafios. Não tínhamos uma legislação, tivemos que começar do zero, buscar os caminhos de processo para criar as leis. E tivemos sucesso em compartilhar essas informações com os outros órgãos. Fui convidada para vir ao Brasil, e é uma grande oportunidade e um primeiro passo para a inteligência estar pronta para o Rio 2016. O que vi até agora é muito interessante e promete bastante. Temos muito para compartilhar e trabalhar. Vamos usar informações de Londres 2012, da inteligência de lá. A chave do processo de inteligência é que se há corrupção, a informação pode ser colocada na mesa em tempo para chegarmos a um nível alto de defesa e identificar os culpados. Essas informações são repassadas pelas mais diversas fontes e descobrimos o que está acontecendo e como agir - explicou Gabriella.

Para a especialista, o doping precisa ser combatido de todas as formas para evitar a perda de credibilidade no esporte.

- O doping é uma ameaça para os Jogos. As pessoas compram ingressos, investem seu dinheiro para acompanhar uma competição, e eles acreditam que estão assistindo a atletas limpos competindo e dando um show limpo. A percepção do público é essa. E o doping vai contra isso. Amamos o esporte e se você diz que é sujo, por que perderia meu tempo com isso? 

A britânica fez parte da comissão independente da Wada que divulgou relatório que culminou no escândalo de doping do atletismo russo. A agência local da Rússia foi descredenciada, os atletas do atletismo do país estão suspensos e temporariamente impossibilitados de participar de qualquer competição internacional. Sem querer entrar em detalhes sobre a polêmica, Gabriella respondeu sobre o posicionamento da saltadora Yelena Isinbayeva, que garantiu não se dopar e por isso não aceita ser punida junto de outros competidores do seu país. A especialista relativiza e acredita que no primeiro momento a ação deve punir todos.

- Isso é aplicável para todos os atletas. Os países precisam encontrar quem potencialmente tem o interesse de burlar nesse cenário. Todos os atletas estão potencialmente passíveis dentro desse contexto. A situação da Rússia já foi definida e é um pouco diferente, então prefiro não fazer comentários sobre isso. Porém, geralmente, isso deve se aplicar a todos os atletas e países porque se o atleta treina em um grupo e se o restante do grupo está potencialmente passível, isso não significa que ele também está trapaceando, mas é necessário colocar a inteligência para investigar e ter a informação para provar se ele está inserido ou não. A expectativa é que esse processo sempre traga a tempo a informação do real burlador - afirmou.

Defensora do processo de inteligência no combate ao doping, ela explicou como o Reino Unido trabalhou para dar forma ao projeto e ter sucesso.

- Em 2010, no Reino Unido, criamos a inteligência para reunir informações das mais diversas fontes, internas e externas, para ter informações sobre performances e ter certeza que estávamos criando uma imagem para identificar quem estava interessado em burlar regras ou criar formas para isso. Assim, tivemos sempre maior certeza e segurança para agir. Temos sempre grandes problemas próximos dos atletas, técnicos, médicos. Penso, pessoalmente, que a inteligência é a melhor forma de descobrir quem quer burlar o esporte, fazendo a correta análise disso. É a melhor forma de criar confiança para os atletas de que eles estão competindo em um evento limpo. Do contrário, sempre há uma forma de se tentar burlar.